Economia

CGD aumenta comissões e começa a cobrar pelo MB Way

CGD aumenta comissões e começa a cobrar pelo MB Way
RODRIGO ANTUNES/Lusa

A Caixa Geral de Depósitos vai aumentar as comissões em 2020. O uso do MB Way é um dos exemplo, ainda que haja isenções, mas contas pacote também sofrem subidas, bem como cheques e cofres. O banco impõe mais custos nas cadernetas, que está a desincentivar

CGD aumenta comissões e começa a cobrar pelo MB Way

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Caixa Geral de Depósitos desistiu da gratuidade total pela utilização do MB Way por parte dos seus clientes e, a partir de 25 de janeiro, o banco público vai cobrar pelas transferências feitas fora da sua aplicação, ainda que isentando alguns clientes, como os mais jovens.

A instituição liderada por Paulo Macedo decidiu começar a cobrar 85 cêntimos por transferências realizadas na aplicação MB Way, sendo que a este montante acresce imposto de selo de 4%, pelo que fica em 88,4 cêntimos.

Há isenção para clientes com idade inferior a 26 anos, bem como para os clientes com contas pacote (Conta Caixa), sendo que, nestes casos, há limites mensais (a Conta L é a única que permite transferências ilimitadas).

Nas aplicações Caixadirecta e Caixa Easy, não haverá cobrança de comissões de transferência.

Os clientes potencialmente livres do novo custo ascendem a 2,5 milhões, segundo fonte do banco, mas a gratuitidade nas transferências não é ilimitada (sobretudo para as contas pacote).

As novidades foram noticiadas pelo jornal Eco, depois de publicadas as alterações previstas nos preçários da CGD, que apontam para mudanças a 25 de janeiro de 2020.

Banco público segue privados

A CGD junta-se, assim, a outras instituições financeiras que cobram pelas transferências feitas na aplicação própria MBWay, isentando (ou colocando um preço mais baixo) nas transferências pelas suas aplicações. A Caixa já tinha inscrita a possibilidade de cobrança de 20 cêntimos por operação, mas o custo não se efetivava. Até agora.

O BPI cobra 1,248 euros pelas transferências fora da sua aplicação própria, o mesmo preço aplicado pelo BCP. Só que o banco liderado por Miguel Maya também imputa um custo de 52 cêntimos às transferências internas. O Santander Totta coloca custos de 93,6 cêntimos a clientes que utilizem a aplicação do MB Way e de 46,8 cêntimos aos que recorrem à aplicação própria, sendo que tanto para o BCP como para o Totta há isenções para clientes com contas pacote e também para os mais jovens.

A aproximação aos concorrentes é um dos objetivos desta decisão tomada pela equipa de Paulo Macedo, que está dentro de um espartilho negociado entre o Estado e a Comissão Europeia, pelo que tem de aumentar a sua base de receitas (onde se incluem as comissões bancárias).

Mais comissões em cheques e cofres

Aliás, o MB Way não é o único serviço em que a CGD mexe nos preços. Há novidades nas comissões de manutenção das contas pacote, em que a Conta S, a mais básica, sofre um agravamento de 2,80 para 3,20 euros (a que acresce imposto de selo de 4%), quando não há bonificação, sendo que, quando essa bonificação não existe, a comissão passa de 4 para 4,95 euros por mês. Nos vários pacotes, a Caixa vai mexer nos critérios de bonificação, o que pode ter influência no preço - para cima ou para baixo.

A Conta Azul, outro dos pacotes da Caixa, passa a ter três preços. Sem bonificação, a comissão é de 14 euros; passa depois a haver dois tipos de bonificação: a normal, de 7 euros, que é o preço atual; uma nova, de 5 euros mensais quando o cliente domicilia o salário e tem duas ou mais autorizações de débito na conta.

Tal como fez o BCP, também o preço de requisição e entrega de cheques sofre alterações (por exemplo, nos cheques cruzados não à ordem, quando se trata de módulos de três cheques com entrega imediata, o preço sobe de 3,60 para 5 euros). A estes preços ainda tem de ser acrescentado o imposto de selo.

No aluguer de cofres, os de menor dimensão veem subir a comissão de 50 para 55 euros, com IVA a 23%, sendo que os aumentos são transversais a todos os tamanhos. Aliás, passa a haver novo preço para os cofres com mais de 1.700 decímetros cúbicos: atualmente, o cliente enfrenta um custo de 720 euros, agora terá uma comissão de 1.900 euros (mais uma vez, a que se tem de somar o IVA a 23% - preço passa de 885,6 euros para 2.337 euros).

Caixa desincentiva ainda mais as cadernetas

Depois de a CGD deixar de permitir transferências e levantamentos com as cadernetas (por via da aplicação da diretiva europeia de pagamentos), volta a colocar custos para desincentivar ainda mais o seu uso.

O levantamento de dinheiro ao balcão com caderneta custa 1 euro (para empresas) e 2,75 euros (para particulares), mas o preçário em vigor a partir de 25 de janeiro de 2020 triplica, num dos casos, a comissão, já que passa a ser de 3 euros (3,12 euros com imposto). Da mesma forma, a atualização de caderneta ao balão duplica de preço (exceto quando o cliente não tem alternativa). Nestes casos, o banco salvaguarda que haverá isenção da cobrança quando os levantamentos são feitos por clientes com mais de 65 anos ou com rendimentos mais reduzidos.

O objetivo é afastar os clientes da caderneta (com as novas regras comunitárias, e sem mudança nos seus critérios de segurança, a sua utilidade é limitada), razão pela qual está a direcionar os clientes para cartão de débito. Foram emitidos 70 mil cartões, com anuidade gratuita por um ano, para clientes que tinham antes a caderneta.

O banco público tem um plano estratégico negociado com Bruxelas para cumprir até ao final do próximo ano, sendo que o agravamento das comissões é um dos aspetos aí incluídos - o que tem motivado também contestação política.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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