24 setembro 2019 15:33

Paulo Fernandes, presidente-executivo da Cofina
clara azevedo
A Cofina propõe 2,3336 euros por ação da Media Capital. Mas será um auditor a comprovar que os 5% nas mãos de investidores que não a Prisa poderão ser comprados a esse preço
24 setembro 2019 15:33
A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários decidiu que tem de ser um auditor a determinar o preço de compra da Media Capital pela Cofina, segundo esclareceu esta terça-feira.
“Considerando que, em função do ‘free float’ e da tendência da negociação nos últimos meses, as ações da Media Capital apresentam uma reduzida liquidez, e que o negócio celebrado entre a Cofina e a Prisa, com vista à aquisição de ações visadas pela oferta, tem natureza particular, não é possível recorrer a estes valores de referência para determinar a contrapartida” a pagar na oferta pública de aquisição, explica o regulador liderado por Gabriela Figueiredo Dias num conjunto de perguntas e respostas.
É por isso que a CMVM decidiu que “irá nomear um auditor independente que determinará a contrapartida a pagar pela Cofina”.
A empresa detida por Paulo Fernandes propôs pagar um preço por ação de 2,3336 euros. Se o auditor determinar um preço superior, a contrapartida mínima terá de ser esse novo preço. Se for inferior, prevalece o preço agora oferecido.
A oferta foi lançada como voluntária, porém terá de respeitar as normas das ofertas obrigatórias (mais apertadas) porque se vai transformar. Porquê?
A Cofina, dona do Correio da Manhã, Jornal de Negócios e Record, compra a participação de 94,69% da Media Capital mediante três condições: autorizações da Autoridade da Concorrência e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, aprovação pelos accionistas e credores e ainda o aumento de capital da Cofina.
Quer isto dizer que a oferta de compra sobre os cerca de 5% da dona da TVI que não estão nas mãos da Prisa só acontece depois de concretizado o acordo entre a espanhola e a empresa de Paulo Fernandes. Ou seja, a oferta ao mercado é lançada quando a Cofina já controla mais de 95% do seu capital, logo transforma-se em obrigatória.
Para já, a Cofina fez o anúncio preliminar da oferta. Agora, terá de entregar o prospeto completo. Contudo, se as três condições impostas pela Cofina não se vierem a concretizar, o acordo com a Prisa para a aquisição da Media Capital não ocorre e a OPA não é lançada.