Economia

Qual o valor das perdas que a Prisa já reconheceu na Media Capital? 430 milhões de euros

Qual o valor das perdas que a Prisa já reconheceu na Media Capital? 430 milhões de euros
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Se o negócio com a Cofina se concretizar pelo número que circula no mercado (250 milhões de euros), o encaixe representará pouco mais de um terço do investimento efetuado a década passada

Uma enorme destruição de valor em 10 anos, eis o balanço do investimento da Prisa na Media Capital/TVI. O número ascende aos 430 milhões de euros.

O conglomerado de media com sede em Madrid foi procedendo a correções, ajustando o valor às novas realidades e digerindo as perdas por imparidade ao longo dos anos. Este é o preço que a Prisa pagou pela sua ofensiva em Portugal, iniciada no fim de 2005 com a aquisição de uma faia de 33% a Miguel Pais do Amaral, numa altura em que o mercado fervilhava.

Mas, há outra parcela favorável à Prisa que suaviza os danos: os dividendos recebidos. Só este década foram mais de 100 milhões de euros que seguiram da Media Capital para Madrid.

Nova atualização em 2018

Se o negócio com a Cofina se concretizar pelo número que circula no mercado (250 milhões de euros), o encaixe representará pouco mais de um terço do investimento efetuado a década passada.

Para a Prisa, a boa notícia é que esse valor está em linha com a avaliação da Media Capital/TVI que consta no balanço de 2018 (254,5 milhões). Ou seja, não fará grandes estragos nas contas de 2019. E o encaixe permite ao grupo proceder a um corte acentuada na dívida financeira que supera os 1,2 mil milhões de euros - a prioridade da gestão é abater o passivo para uma dimensão mais confortável.

O principal corte na avaliação da Media Capital verificou-se em 2011. A Prisa abateu 228 milhões de euros ao valor da participação, depois de uma primeira redução no exercício anterior de 45 milhões.

O valor teórico da empresa portuguesa estabilizou durante anos nos 417 milhões de euros. Ou seja, se em 2017 o negócio de 440 milhões com a Altice tivesse avançado, a conta de exploração beneficiaria de uma mais valia atrativa.

Após o falhanço da operação, a Prisa procedeu a uma nova atualização, baixando o valor da Media Capital para 330 milhões. E em 2018, reconheceu mais 76 milhões de imparidades, reduzindo o valor contabilístico para 254,5 milhões. No pico, o valor atribuído à Media Capital (2007) foi de 693 milhões de euros.

A Prisa justificou os ajustamento de 2108 "pelos riscos decorrentes de incertezas políticas, a queda do crescimento projetado a longo prazo da Media Capital devido à evolução negativa do mercado publicitário e a redução do valor de sociedades comparáveis na Europa".

Numa década, o perfil acionista da Prisa mudou, prevalecendo investidores de caráter financeiro como a Telefonica, fundos (Amber Capital ou Adar Capital) e bancos como o Santander ou HSBC.

No primeiro semestre, a Prisa registou perdas de 51,5 milhões, justificadas em parte pela sazonalidade do negócio e efeitos cambiais desfavoráveis dos mercados da América Latina.

Nos últimos 12 meses, a as ações desvalorizaram 30%: O valor em bolsa da Prisa está nos 950 milhões de euros.

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