Economia

Vêm aí 135 milhões de Espanha para a Caixa. E abrilhantam as contas do primeiro semestre

Paulo Macedo - CGD
Paulo Macedo - CGD

CGD vende unidade em Espanha ao Abanca. Operação melhora contas e rácios de capital do primeiro semestre. Para trás ficaram prejuízos com esta operação. Banco fica presente através de uma sucursal no país vizinho

Vêm aí 135 milhões de Espanha para a Caixa. E abrilhantam as contas do primeiro semestre

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) recebeu luz verde do Banco Central Europeu (BCE) para alienar a sua unidade espanhola, o Banco Caixa Geral, ao também espanhol Abanca. A operação dá 135 milhões de euros ao banco público. E esse valor vai engordar as contas do primeiro semestre deste ano.

Paulo Macedo anunciou, na conferência de imprensa de apresentação de resultados realizada em julho, que o lucro obtido até junho foi de 283 milhões de euros. Só que o valor pecou por defeito. O montante efetivo é 417,5 milhões, 47% acima.

Esta diferença de 135 milhões de euros deve-se à operação de venda da filial espanhola ao Abanca, anunciada esta segunda-feira, 9 de setembro, em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Considerando as informações atualmente disponíveis, o impacto estimado na valorização desta participação com referência a 30 de junho de 2019 é positivo em 135 milhões de euros no resultado líquido do período e nos capitais próprios consolidados da CGD, decorrente do ajustamento, ao valor da venda, das imparidades registadas nas contas da CGD no final de 2017”, adianta a nota.

“Deste modo, o resultado líquido com referência a 30 de junho de 2019 será de 417,5 milhões de euros. Neste cenário, o rácio CET1 passa de 14,8% para 15,1% (‘fully loaded’, incluindo o resultado líquido do primeiro semestre)”, especifica o documento.

Caixa continua em Espanha, mas (muito) mais pequena

A operação, com a não oposição de Frankfurt, deverá ser finalizada até outubro. “A luz verde do BCE é o último requisito para que se possa terminar a aquisição, que será encerrada formalmente nas próximas semanas com a assinatura do contrato de compra e venda”, indica o comunicado enviado pelo Abanca. A integração jurídica e financeira entre o espanhol Abanca, que ganhou espaço em Portugal com a compra do retalho do Deutsche Bank, e o ainda designado Banco Caixa Geral, será realidade no primeiro trimestre de 2020.

O acordo de compra previa o pagamento de 364 milhões de euros pelo banco espanhol da Caixa, mas o preço seria sempre ajustável, sobretudo ao calendário. É a diferença entre este valor e o montante registado no balanço do banco português que definiu os 135 milhões de euros de mais-valia.

O banco estatal ficará presente em Espanha através de uma sucursal, que, ao contrário da filial, que era autónoma e tinha administração própria.

Para trás, ficaram perdas da Caixa no país que, segundo contabilizou a revista Sábado, terão chegado a perto de mil milhões de euros.

O processo de venda em Espanha correu em paralelo com a alienação do Mercantile Bank, na África do Sul. Juntos deveriam dar mais-valias de 200 milhões de euros à Caixa (135 milhões já estão, com o anúncio de hoje, contabilizados).

Mais atrasado está o processo de venda no Brasil (em que já há três interessados convidados a apresentar ofertas vinculativas) e Cabo Verde.

A instituição financeira tem de promover estas operações por conta do plano estratégico assumido junto da Comissão Europeia, depois da capitalização que envolveu 3,9 mil milhões de euros estatais.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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