Economia

Hong Kong: manifestantes cantam hino nacional dos EUA e pedem a Trump para libertar região

Hong Kong: manifestantes cantam hino nacional dos EUA e pedem a Trump para libertar região
TYRONE SIU/REUTERS

Dezenas de manifestantes marcharam este domingo até ao consulado dos Estados Unidos em Hong Kong para apelar aos deputados americanos que aprovem legislação sobre os direitos humanos e a democracia na região administrativa especial da China

Foi a cantar “A Bandeira Estrelada”, o hino nacional do Estados Unidos (EUA), na presença das forças policiais da cidade, que os manifestantes em Hong Kong apelaram a Donald Trump para ajudar a libertar a região administrativa especial do domínio chinês.

Dezenas de manifestantes reuniram-se este domingo e marcharam até ao consulado dos EUA em Hong Kong, acenando com bandeiras norte-americanas, cartazes e gritos como “Libertem Hong Kong, aprovem a lei”. Outros desenharam a cruz suástica na bandeira da China, acompanhada pelo termo “Chinazi”.

Os manifestantes apelam aos deputados americanos que aprovem legislação sobre os direitos humanos e democracia em Hong Kong, noticia a agência Reuters.

Este sábado, o secretário da Defesa norte-americano, Mark Esper, pediu à China para atuar com moderação na região administrativa especial, uma ex-colónia britânica que regressou ao domínio chinês em 1997 sob a fórmula “um país, dois sistemas”. A legislação sobre as ações da China em Hong Kong é uma prioridade dos deputados democratas quando o Congresso voltar de férias na próxima semana, garantiu na quinta-feira o senador democrata Chuck Schumer.

Em cima da mesa está uma lei bipartidária que exige uma justificação anual do tratamento especial assegurado por Washington a Hong Kong no âmbito da Lei de Política EUA-Hong Kong de 1992, incluindo privilégios especiais nas áreas do comércio e dos negócios. A lei define ainda que as autoridades da China e de Hong Kong que minem a autonomia da cidade poderão estar sujeitas a sanções.

Embora a chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam, tenha recuado no controverso projeto de lei de extradição - que permitia a extradição para a China, onde os tribunais são controlados pelo Partido Comunista, dos denominados 'infratores fugitivos' -, os manifestantes consideram que esta cedência peca por tardia.

E querem ainda que Lam dê resposta às restantes reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos (como o autor dos protestos dos guarda-chuvas amarelos, Joshua Wong), a não identificação das ações de protesto como motins, a realização de um inquérito independente à violência policial e ainda demissão da chefe do Executivo de Hong Kong de Carrie Lam e consequente eleição por sufrágio universal da chefe de Governo e do Parlamento daquela região administrativa especial.

Confrontos entre polícia e manifestantes

O protesto de domingo começou de forma pacífica, mas acabaria por degenerar em violência, barricadas e incêndios no distrito financeiro e comercial, num padrão que tem sido cada vez mais comum.

Ao cair da noite, grupos de manifestantes vandalizaram a estação de metro principal do centro da cidade (encerrada pela polícia ao início do dia), incendiaram uma das suas entradas e partiram janelas. A sua passagem deixou sinais de trânsito estragados e lixo no meio das ruas, descreve o jornal “Washington Post”.

As forças policiais responderam com canhões de água, balas de borracha, gás lacrimogéneo — e várias detenções. A polícia diz não ter o número exato de detenções, mas sabe-se que mais de 1.100 pessoas já foram detidas desde junho.

Apesar disso, os manifestantes já garantiram que os protestos vão continuar.

Empresárias de Hong Kong vão à ONU

Na sequência dos protestos, as empresárias Pansy Ho (filha do magnata do jogo Stanley Ho) e Annie Wu Suk-ching (filha do fundador do grupo de restauração Maxim James Tak Wu) vão na terça-feira às Nações Unidas, em Genebra, para dizer que aquilo que consideram ser “manifestantes radicais” não representam os cidadãos de Hong Kong.

As duas mulheres vão participar numa reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, segundo noticiou este domingo o jornal "South China Morning Post".

“As opiniões de um pequeno grupo de manifestantes radicais não representam as opiniões de todos os 7,5 milhões [cidadãos de] Hong Kong. Os atos violentos sistemáticos e calculados deste grupo nunca foram tolerados por todos os [cidadãos de] Hong Kong”, vão dizer as duas empresárias, de acordo com o discurso a que o jornal sediado naquela região teve acesso.

As duas consideram que a proposta às emendas à lei da extradição foram “bem-intencionadas”, mas foram “sequestradas” por manifestantes radicais que as usaram como “propaganda para minar a autoridade do Governo de Hong Kong”.

A filha mais velha do magnata do jogo Santley Ho defenderá ainda, no seu discurso, o uso de gás lacrimogéneo e balas de borracha pela polícia contra os manifestantes.

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