Economia

A vida, o dinheiro, as empresas e a política: 32 frases marcantes de Alexandre Soares dos Santos

A vida, o dinheiro, as empresas e a política: 32 frases marcantes de Alexandre Soares dos Santos
Alberto Frias

Alexandre Soares dos Santos era conhecido por não ter medo das palavras e foram muitas as suas frases polémicas ao longo dos anos, disparando para todos os lados, em especial para o poder político e governativo. Um dos maiores empresários portugueses morreu esta sexta-feira, tinha 84 anos

A vida, o dinheiro, as empresas e a política: 32 frases marcantes de Alexandre Soares dos Santos

Pedro Lima

Editor-adjunto de Economia

Observador 25 de fevereiro de 2019

Afeta-me morrer? Não. Com 85 anos morrer de cancro ou morrer da vida, já fiz o que tinha a fazer… Não me vou preocupar com isso. Gostava de estar aqui mais uns tempos para ver determinadas coisas…

E o António Costa, até hoje não sei quem ele é. Dizem que mantém a legislatura. E depois? O que é que isso quer dizer? Vamos deixar bem claro que eu hoje não tenho ideologia nenhuma. Essas já foram todas para o caixote há muito tempo. Hoje estou interessado é no meu país. Quando olho para os meus 18 netos e sete bisnetos, pergunto qual será o seu futuro e o de outros que trabalham connosco há tantos anos. E nós vamos no caminho errado. Não temos rumo.

TVI24 2 de fevereiro de 2019

Em Portugal não há democracia. Existe uma democracia do Estado. Tudo o que eu quiser fazer tenho de pedir autorização.

A Caixa Geral de Depósitos faz as coisas que fez e não se faz nada?

Quando vim para a Jerónimo Martins eram 300 pessoas. Hoje são 110 mil. Tenho um grande orgulho no emprego que criámos.

Não sou um homem zangado, pelo contrário, só posso dar graças a Deus. 60 anos de casado, 7 filhos, 18 netos, não sei quantas doenças e todas venci. Tenho um grupo que é respeitado lá fora. E cá dentro, também creio que sim.

A sociedade portuguesa não fala e tem medo.

Portal Sapo, 28 de junho de 2018

Este é um país que se dá ao luxo de ter os melhores lá fora, porque se algum vier para cá para presidir um banco, uma empresa, começam logo por insultá-lo pelo ordenado. Quer dizer, querem bons à borla. Não há disso. Temos lá fora uma série de gente competentíssima para gerir bancos e que não trabalha em Portugal porque Portugal não dá condições.

Expresso, 10 de fevereiro de 2018

A família entende que 25% dos dividendos que recebe são para obras de responsabilidade social. Todo o empresariado devia empenhar-se em ajudar o país a ser melhor. Não é com discursos nem grandes debates que resolvemos os problemas do país e sim através de ações. Fiquei muito contente por a família ter compreendido isto e ter-me deixado criar a Fundação e estas obras todas.

O Presidente da República atual está a demonstrar que pode ser muito útil à sociedade, pressão que existe sobre a sociedade, pressão que existe sobre os governos, pressão que existe sobre os empresários. Ele tem este carisma, tem este objetivo. Não sei se os próximos terão ou não.

A banca é o exemplo errado do capitalismo. Foi sempre. E agora pior do que tudo, deixou de ter banqueiros, passou a ter gestores. O que se passou na banca é uma coisa que começa a atacar as grandes empresas de consumo: o curto prazo. São os fundos, os activistas, querem tudo a curto prazo. E, depois, o pagamento dos prémios. Veio subverter tudo.

Eu tenho dito várias vezes que só invisto em países cristãos, porque sabemos perfeitamente que, nos países árabes, ninguém respeita o contrato assinado.

É muito difícil investir-se neste país, sobretudo na agricultura. É uma confusão. Há regras por todo o lado.

A gente tem de dar pancada! Eu tenho é que ter uma medida exata sobre até onde é que eu posso baixar os preços. Se eu não mato, morro.

Já viu o que pagamos de impostos? Falamos do IRS, mas e aquilo que pagamos de electricidade? É a conta da água? Olhamos para a fatura e só vemos impostos. Pagamos impostos em todo o lado. Paga-se só no IRS? Uma ova! Pagamos em tudo. Isto vai ter de acabar.

Se há um tema difícil são as empresas familiares, porque a mínima coisa pode provocar um conflito. E normalmente é aquela coisa que não tem interesse nenhum. Se fui mal atendido no supermercado, entro numa reunião e começo logo a protestar, a reunião nem começa.

Confesso, não gostei, na altura, [da solução governativa] . Mas, pelo menos, estamos com um governo estável, o que é uma coisa raríssima em Portugal.

Público, 2 de setembro de 2012

“Eu, quando fiz os meus 50 anos de casado, se algum dos meus filhos não estivesse era o fim da picada”.

Não gosto de sindicatos, gosto de comissões de trabalhadores

Se tenho de decidir muito rápido, decido muito rápido. Senão, gosto de ir formulando diversas hipóteses; e, normalmente, quando me levanto de manhã tomo a decisão. As grandes decisões da minha vida tomei-as de manhã. Seis e meia, sete horas da manhã.

“Eu não quero ser mais um. Eu quero ser um.” Era isto que me movia.

Não ligo nenhuma ao dinheiro. Gosto do dinheiro para viver bem.

O dinheiro fez-se para criar emprego, modernizar o país, dar melhor qualidade de vida a todos os que trabalham [connosco].

A minha relação com os meus filhos é muito, muito íntima. Vai mesmo para além da relação pai-filho.

Dizem- nos que isto é uma democracia; é uma democracia aonde? É controlado em todos os sítios, nas suas contas bancárias, nos movimentos do cartão de crédito.

Um político gasta o seu dinheiro, gasta o meu dinheiro, faz as asneiras que quer e não lhe acontece nada. isto é democracia? Veja os Estados Unidos; houve broncas na banca — muitos estão presos. E nós? Muda alguma coisa? Não.

Eu não sou de esquerda nem de direita. O António Barreto diz-me que sou um conservador liberal. Sou é cristão. Não digo que sou católico. Sou cristão. Como tal, tenho um conjunto de valores e princípios que tenho de respeitar.

Oiça, eu achava que o José Sócrates tinha uma total falta de ética. O José Sócrates pensava nele e no partido dele. E o país não é dele.

Não tenho poder nenhum.

Gosto da briga. Quando estou sem desafios, quando tudo está bem demais sou desleixado, desinteresso-me. Tive uma briga muito feia na Jerónimo Martins. Chegou muito perto da violência.

Quando tomava alguma decisão, as pessoas vinham dizer-me: “O seu pai não tomaria essa decisão.” Até ao dia em que resolvi dizer que o meu pai estava no cemitério dos Prazeres, que fossem falar com ele. A partir daí fui eu. Já me sentia seguro.

Saímos do Brasil, ficámos líderes na Polónia. Tomou-se a Polónia como um desafio sério. Tínhamos de demonstrar aos investidores que éramos muito bons e que íamos transformar aquilo num sucesso.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: PLima@expresso.impresa.pt

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