A economia alemã contraiu-se no segundo trimestre deste ano, segundo os dados divulgados esta quarta-feira pelo Destatis, o Gabinete federal de estatísticas. Os analistas temem, agora, que o 'motor' da zona euro possa continuar a contrair-se no trimestre em curso, prefigurando uma situação de recessão técnica (ou seja, de contração da economia em dois trimestres seguidos).
As bolsas já reagiram negativamente na Europa, com todos os índices em queda. O índice Dax em Frankfurt está a cair 0,2%, mas os futuros apontam para um recuo de 0,6%. Em Lisboa, o índice PSI 20 segue a tendência europeia de queda.
As previsões do Eurostat para o conjunto da zona euro são divulgadas às 10 horas. O Instituto Nacional de Estatística em Lisboa divulga as previsões para a economia portuguesa meia hora antes.
O Produto Interno Bruto (PIB) alemão recuou 0,1% entre abril e junho em relação aos três primeiros meses do ano, quando havia crescido 0,4%. Em termos homólogos, em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, o PIB estagnou, não registou crescimento. Entre janeiro e março, o PIB havia crescido 0,8%, em termos homólogos.
A evolução da economia de um trimestre para o seguinte é referida como crescimento em cadeia, enquanto que a comparação com o mesmo período do ano anterior se designa por variação homóloga.
À beira de recessão no segundo semestre do ano passado
Recorde-se que, no segundo semestre do ano passado, a economia alemã já tinha corrido o risco de uma recessão técnica, quando recuou 0,1% no terceiro trimestre em relação aos três meses anteriores. No entanto, nos últimos três meses do ano passado, a economia germânica melhorou, com um crescimento de 0,2%, retoma que se prosseguiu nos primeiros três meses de 2019, com uma aceleração para 0,4%. O recuo no segundo trimestre deste ano inverteu essa aceleração.
Os economistas atribuem esta contração aos efeitos negativos da situação do sector automóvel germânico e ao impacto da guerra comercial, em virtude da dependência da economia alemã em relação à exportação. O consumo público e privado e o investimento até cresceram no segundo trimestre, mas essa aceleração foi mais do que anulada pela quebra nas exportações. Segundo os últimos dados disponíveis, em junho as exportações recuaram 8% e relação ao mesmo mês do ano passado. A maior quebra registou-se para fora da União Europeia, com uma queda homóloga de 10,7%.
As previsões apontam para uma desaceleração muito forte este ano, em termos homólogos, do 'motor' da zona euro. Depois de um crescimento de 1,9% em 2018, o Fundo Monetário Internacional aponta para 0,7% em 2019 e a Comissão Europeia é ainda mais pessimista prevendo 0,5%.
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