A seguradora que o Novo Banco está a vender, e que ainda aguarda autorizações para se concretizar, voltou a causar perdas ao banco no primeiro semestre. A justificação é, em parte, o contexto europeu de taxas de juro que afeta não só a banca, mas também o sector segurador.
A GNB Vida obteve prejuízos de 21 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. Mas o Novo Banco, que é o seu acionista, sofreu ainda mais. Nas contas semestrais, o banco liderado por António Ramalho registou uma provisão de 58 milhões de euros para a GNB Vida, segundo o comunicado de resultados publicado pelo banco na semana passada.
Não há explicações adicionais no documento sobre o que justifica esta provisão no semestre, em que o Novo Banco registou perdas de 400 milhões até junho. Se o ano tivesse terminado nessa data, o banco precisaria de 541 milhões de euros do Fundo de Resolução para que os seus rácios de capital ficassem protegidos. Este encargo seria por conta dos ativos problemáticos sob o mecanismo de capital contingente, onde está também a seguradora.
“O valor de venda da GNB Vida é afetado por diversos fatores onde se incluem alguns efeitos da descida da taxa de juro soberana”, explica o banco quando instado pelo Expresso a comentar a nova provisão sobre a seguradora.
A GNB Vida está em processo de venda desde 2017, sendo que, “no dia 12 de Setembro de 2018, foi assinado um contrato de compra e venda das ações da companhia, detidas pelo acionista Novo Banco, com a Bankers Insurance Holdings, cuja concretização está ainda, nesta data, sujeita à obtenção das respetivas autorizações legais”. A venda foi acordada por 190 milhões de euros, mas não se sabe se a espera terá já tido impacto no preço acordado. Pelo menos, no montante esperado pelo Novo Banco.
Com base nesse preço, a GNB Vida tinha já contribuído para perdas no Novo Banco. Nas contas de 2017, a instituição já tinha reconhecido uma imparidade (de uma forma simples, um valor reconhecido como perdido) de 287 milhões de euros, o que, na altura, reduziu a avaliação da companhia a mais de metade.
Este primeiro semestre, além da GNB Vida, as grandes responsáveis pelas perdas do Novo Banco foram as operações de venda de crédito malparado e imóveis, que causaram perdas de 229 milhões de euros (devido à diferença entre o valor de balanço e o preço acordado). Os americanos compradores destas carteiras pagaram um terço do valor contabilístico bruto dos ativos.
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