Economia

Estúdios da Valentim de Carvalho voltam a negociar recuperação com credores. Os imóveis são o trunfo

Estúdios da Valentim de Carvalho voltam a negociar recuperação com credores. Os imóveis são o trunfo
Divulgação

Empresa do Grupo Valentim de Carvalho pede um processo especial de revitalização. Administrador do grupo de televisão e de música diz que tema é pacífico e que credores estão alinhados na sua recuperação. BPI, Santander Totta, Caixa Geral de Depósitos, Fisco e Sony estão na lista

Estúdios da Valentim de Carvalho voltam a negociar recuperação com credores. Os imóveis são o trunfo

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A Estúdios Valentim de Carvalho vai voltar a negociar a sua recuperação com os credores. A empresa de produção televisiva pediu para entrar num processo especial de revitalização. O objetivo é que os credores aceitem o plano, que passa pela rentabilização de um terreno em Paço de Arcos, que permitirá abater dívidas aos bancos.

A Estúdios Valentim de Carvalho - Gravações e Audiovisuais S.A é a empresa que detém os estúdios de televisão, que aluga a terceiros, do centenário grupo que ficou conhecido pelo negócio discográfico: é ela que está sob administração judicial desde que, na passada sexta-feira, 2 de agosto, foi nomeado o administrador judicial provisório para este processo, José Ribeiro de Morais, de acordo com os dados publicados no portal Citius e consultados pelo Expresso.

O processo especial de revitalização (PER) é um plano que se destina “a permitir à empresa que, comprovadamente, se encontre em situação económica difícil ou em situação de insolvência meramente iminente, mas que ainda seja suscetível de recuperação, estabelecer negociações com os respetivos credores de modo a concluir com estes acordo conducente à sua revitalização”.

Ao Expresso, Manuel Duque, administrador da empresa, desdramatiza o recurso a este tipo de processo, que defende ter má fama em Portugal sem justificação. “É um instrumento de gestão para se conseguir conciliar um conjunto de credores o que, de outra forma, demoraria muito tempo”, argumenta.

Este passo dado pela empresa insere-se “no plano de reestruturação do grupo”. A renegociação do passivo, “bancário, mais precisamente”, é o que está em causa para permitir a viabilização da empresa que proporcionou a produção técnica de programas como Ídolos e Vale Tudo, na SIC (da Impresa, dona do Expresso), e The Voice, na RTP.

Segundo os dados da Informa D&B, a sociedade, detida a 100% pelo Grupo Valentim de Carvalho – Som e Imagem SGPS SA, apresentava um passivo de 15,6 milhões em 2017, ainda assim inferior ao ativo, de 17 milhões – não há dados de 2018.

No Citius, surgem enquanto credores bancários o BPI, o Santander Totta, a Caixa Geral de Depósitos e ainda o Novo Banco. O Fisco e a Sony são outros dos nomes que estão na lista.

Imobiliário servirá para cortar maturidades

Segundo Manuel Duque, o que está em causa é um plano que visa uma “melhoria substancial das condições para com os credores”, devido à valorização dos ativos imobiliários na posse da empresa. Há um terreno de 10 mil metros quadrados em Paço de Arcos, sem utilização, em que haverá construção, incluindo para habitação, e cuja mais-valia obtida permitirá renegociar os empréstimos bancários. “Permitirá inclusivamente passar maturidades de passivo de 15 para três anos”, adianta o responsável.

O plano previsto “está plenamente de acordo com todos os credores”, assegura o administrador da Valentim de Carvalho, que defende que a maior parte do passivo foi gerado no “passado” e não na atualidade.

Os últimos resultados desta empresa da Valentim de Carvalho têm sido negativos, e, no grupo (e mesmo nesta empresa em específico), não é uma novidade a utilização do PER. Já aconteceu entre 2014 e 2016. Em 2009, também a empresa Valentim de Carvalho Lojas, a grande sociedade da área discográfica, entrou em insolvência. O negócio discográfico – onde o catálogo conta com Amália Rodrigues – tem hoje um peso residual face ao audiovisual. As várias empresas do grupo empregam 48 profissionais no quadro.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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