Há 15 anos que Portugal não tinha um nível de desemprego tão baixo como o registado no segundo trimestre deste ano. A taxa baixou para os 6,3%, o que compara com 6,8% nos primeiros três meses de 2019 e com 6,7% um ano antes, ou seja no segundo trimestre de 2018, rebelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quarta-feira.
A última vez que o desemprego tinha estado neste patamar foi no segundo trimestre de 2004. Ou seja, há precisamente década e meia.
A queda era esperada pelos economistas, como o Expresso já tinha avançado. Até porque a chegada do Verão ajuda. Com a chegada da época alta no turismo e na agricultura, multiplicam-se os postos de trabalho. É o chamado efeito sazonal, que puxa para baixo o desemprego em Portugal nesta época do ano.
Sinal disso, nas últimas duas décadas o desemprego só não recuou nesta altura em cinco ocasiões: 2002, 2004, 2009, 2010 e 2012.
2019 confirmou a tendência: a população empregada atingiu 4,9167 milhões de pessoas no segundo trimestre, mais 36,5 mil pessoas (acréscimo de 0,7%) do que nos três meses anteriores. Uma evolução "em consonância com o padrão observado nos segundos trimestres da série iniciada em 2011", aponta o INE na nota publicada esta quarta-feira.
Emprego continua a crescer, mas abranda
Já em termos homólogos, isto é, em relação ao segundo trimestre de 2018, a população empregada aumentou em 42,6 mil pessoas (mais 0,9%), "prolongando a série de variações homólogas positivas iniciadas no quarto trimestre de 2013", constata o INE. Contudo, "em desaceleração desde o primeiro trimestre de 2018", indica a autoridade estatística.
O alerta do INE é claro: o emprego continua a crescer, mas está a abrandar.
Quanto à população desempregada, ficou nas 328,5 mil pessoas no segundo trimestre, avança o INE. Isto significa menos 25,1 mil desempregados no país do que entre janeiro e março deste ano (menos 7,1%).
Em relação a um ano antes, a redução no desemprego foi de 23,3 mil pessoas (menos 6,6%), "na sequência dos decréscimos observados desde o terceiro trimestre de 2013", constata o INE. Mas, deixa um novo alerta: "Estes decréscimos, porém, têm vindo a ser cada vez menores ao longo do último ano, tal como os acréscimos observados na população empregada".
População ativa em alta
Tudo somado, o aumento do emprego foi mais expressivo do que a redução do desemprego, tanto na comparação com o trimestre anterior, como na comparação homóloga.
Como resultado, a população ativa terá atingido 5,2451 milhões de pessoas no segundo trimestre aumentando em 11,2 mil pessoas (mais 0,2%) em relação aos primeiros três meses de 2019, e em 19,1 mil pessoas (mais 0,4%) por comparação com o segundo trimestre de 2018.
Uma evolução sempre saudada pelos especialistas, já que sinaliza o regresso dos chamados 'desencorajados' ao mercado de trabalho. Ou seja, pessoas que tinham desistido de procurar um posto de trabalho, passando, por isso, a ser classificadas pelo INE como inativas (e não como desempregadas). E que, agora, regressam ao mercado de trabalho.
Esta tendência sinaliza também a entrada de imigrantes no mercado de trabalho luso, sejam portugueses que regressam ao país, ou estrangeiros que chegam a Portugal. Uma tendência que tem vindo a reforçar-se desde 2017.