Economia

Moeda chinesa desvaloriza-se mais de 2% em sessão marcada por novo trambolhão nas bolsas

Os analistas esperam que no caso de uma descida muito acentuada do câmbio do yuan no mercado, Pequim recorra às suas gigantescas reservas em divisas estrangeiras para inverter a trajetória
Os analistas esperam que no caso de uma descida muito acentuada do câmbio do yuan no mercado, Pequim recorra às suas gigantescas reservas em divisas estrangeiras para inverter a trajetória
WU HONG / EPA

O yuan depreciou-se esta segunda-feira 2,3% face ao euro e 1,6% em relação ao dólar. Índice das 600 principais cotadas europeias caiu 2,2%. Wall Street já perdeu mais de 2% na sessão da manhã

O choque nos mercados provocado pela escalada na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China prossegue. O yuan, a moeda chinesa, desvalorizou-se esta segunda-feira 2,3% face ao euro e 1,6% face ao dólar.

O euro fechou esta segunda-feira, à hora de encerramento dos mercados europeus, perto do câmbio de 7,9 yuans, face a uma média de 7,7 nos últimos trinta dias. Na semana passada, o euro já se tinha valorizado 0,6%. A moeda norte-americana ultrapassou esta segunda-feira a barreira dos 7 yuans face a uma média de 6,89 nos últimos trinta dias. Um câmbio acima do que tem sido considerado uma barreira "psicológica" - de 7 yuans por dólar - já não se registava desde 2008.

O Banco Popular da China, o banco central, fixou esta segunda-feira uma nova taxa central de paridade face ao dólar em 6,9225 yuans, 0,5% acima da média dos últimos trinta dias no mercado. Este câmbio oficial é fixado diariamente e permite uma oscilação de 2% acima ou abaixo da taxa. O presidente Trump já reagiu no Twitter acusando a China de "manipulação de divisa".

A par do cancelamento da importação de produtos agrícolas dos EUA, a depreciação do yuan é encarada como resposta de Pequim ao final da trégua anunciado por Trump na quinta-feira passada ao tuitar a imposição a partir de 1 de setembro de uma taxa aduaneira de 10% sobre todas as importações vindas da China que ainda não tinham sido abrangidas pela guerra comercial.

No entanto, Yi Gang, o governador do banco central em Pequim, veio dizer esta segunda-feira que a depreciação foi "determinada pelo mercado" e que a China não avançará para desvalorizações competitivas.

Face ao euro, a nova taxa central fixada pelo banco central é de 7,6821, abaixo da média dos últimos trinta dias.

Índice de pânico continua a subir na Europa e em Wall Street

A onda vermelha nas bolsas de ações continuou esta segunda-feira. Na Ásia, o índice de Xangai recuou 1,6% e o Nikkei 225 de Tóquio perdeu 1,7%. Na Europa, o índice das 600 principais cotadas (Eurostoxx 600) caiu 2,2%. O índice Dax alemão recuou 1,8%. O PSI 20, em Lisboa, caiu 1%. Em Londres, o FTSE 100 perdeu 2,5%, registando a maior queda na Europa.

Em Nova Iorque, a sessão da manhã está a terminar com perdas acima de 2% para os três principais índices bolsistas.

O índice de volatilidade - conhecido como índice de pânico - subiu 14,8% esta segunda-feira na Europa e já disparou 28% em Wall Street.

Recorde-se que a semana anterior marcou perdas assinaláveis nos índices MSCI: o índice bolsista para o conjunto da zona euro caiu 4,2%; e o relativo às duas bolsas dos EUA recuou 3,2%. As bolsas à escala mundial perderam 3,1% na semana passada. Na sexta-feira, o índice de pânico na Europa - o VIX associado ao índice bolsista Eurostoxx 50 (das cinquenta cotadas mais importantes da zona euro) - registou o maior disparo do ano, ao subir 33,65%.

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