Lucros da Caixa Geral de Depósitos somam 46% para 283 milhões
Menos custos e contributo positivo da rubrica de imparidades ajudaram à melhoria do resultado líquido, compensando a quebra da margem financeira
Menos custos e contributo positivo da rubrica de imparidades ajudaram à melhoria do resultado líquido, compensando a quebra da margem financeira
Jornalista
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A Caixa Geral de Depósitos obteve um lucro de 283 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. O valor representa um ganho de 46% face ao mesmo período do ano passado.
“O resultado líquido consolidado atingiu no primeiro semestre os 282,5 milhões de euros (+88 milhões de euros que em junho de 2018, um crescimento de 46%), equivalente a uma rendibilidade de capitais próprios (ROE) de 7,4%”, indica o comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
O banco liderado por Paulo Macedo obteve um aumento de lucros graças, em grande medida, à rubrica de imparidades (que deu um contributo positivo), e também à diminuição dos custos. Já o negócio bancário propriamente dito registou uma descida.
A margem financeira, que corresponde à diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos, foi “impactada pela conjuntura de taxas de juro”. Ficou-se pelos 565 milhões de euros no primeiro semestre, descendo 3,2% em relação ao mesmo período de 2018. As comissões renderam 243 milhões, mais 0,6% do que nos primeiros seis meses do ano passado.
Já os resultados de operações financeiras recuaram 55% para 22,5 milhões, com a instituição financeira a justificar “o comportamento menos favorável” com “a evolução dos derivados de cobertura de taxa de juro”. O indicador “outros resultados de exploração” deu aqui um salto significativo: no ano passado, gerou 2 milhões, este ano deu 62 milhões. O banco não justifica a evolução no comunicado de resultados, mas, no primeiro trimestre, esta rubrica já tinha sido impulsionada pela venda do imóvel da CGD na Rua do Ouro, em Lisboa, que tinha gerado um impacto positivo de 36 milhões.
Na soma de todos estes indicadores, o produto bancário subiu 2,1% para 908 milhões de euros. Em contraponto, os custos de estrutura recuaram 5,9% para 477 milhões. Aqui, a maior quebra foi nos gastos gerais, mas também os custos com pessoal tiveram impacto (mesmo com um custo extraordinário de 35,5 milhões para programas de pré-reformas e rescisões).
A permitir que o lucro da CGD subisse no primeiro semestre estiveram, também, as imparidades e as provisões. No ano passado, esta rubrica (que corresponde a dinheiro colocado de lado para precaver perdas em créditos, mas também em provisões constituídas para casos específicos) tinha “tirado” 57 milhões aos resultados. Este ano, deu uma ajuda de 12 milhões.
Na conferência de imprensa de apresentação de resultados, Paulo Macedo sublinhou a quebra do rácio de crédito malparado (NPL, na sigla inglesa), que passou de 10,7%, em junho de 2018, para 7,3%, em junho deste ano. “O rácio de NPL atingiu os 7,3% no final do primeiro semestre de 2019, e a sua cobertura por imparidades e por colateral era, nessa data, de 64,3% e 43,6% respetivamente (cobertura total de 107,9%)”, continua o documento.
A redução do crédito malparado contribuiu para que a carteira de crédito a clientes tenha caído 3,3% para 49.499 milhões de euros líquidos. Em Portugal, a quebra foi ainda maior, de 10%, para 42.888 milhões. Há diminuição nos particulares, mas empresas e setor institucional não escapam.
“Os depósitos de clientes aumentaram 2.158 milhões de euros (+3,4%) quando comparados com o mesmo período de 2018, evolução essencialmente justificada pela captação da CGD Portugal”, indica o comunicado. Aqui, os depósitos passaram para 65.644 milhões.
Face a Junho de 2018, os lucros das participações internacionais cresceram 11 milhões de euros. Entre estas, a que mais subiu foi a relativa ao moçambicano BCI, que passou de 10 milhões de euros de lucros para 19 milhões. No BCI, a Caixa é o maior acionista.
O BNU Macau registou 33 milhões de ganhos para os resultados da Caixa quando em Junho de 2018 o resultado foi de 30 milhões de euros.. Já a sucursal da Caixa em França manteve os resultados na ordem dos 10 milhões de euros.
A grande subida dos lucros do banco público decorreu da atividade em Portugal, os lucros passaram de 119 milhões de euros para 197 milhões.
No âmbito do plano estratégico que foi negociado em 2017 entre o Estado e a Comissão Europeia, ficaram decididas vendas internacionais. Espanha e África do Sul já foram decididas, mas falta o Brasil.
As participações da Caixa no Mercantile Bank (Africa do Sul) e no Banco Caixa Geral (Espanha) continuam registadas como ativos não correntes detidos para venda.
A venda da operação no Brasil tem várias ofertas nas quais os concorrentes estão já hierarquizados. Paulo Macedo esclarece que as propostas serão entregues ao Ministério das Finanças e provavelmente haverá uma decisão em Conselho de Ministros para se avançar com a venda.
“A venda deverá estar concluída até ao final do ano", referiu o presidente da Caixa.
(Notícia atualizada às 18.50 com mais informações)
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