PS associa à crise as maiores perdas da gestão de Santos Ferreira na Caixa
Socialistas acrescentam nomes de ex-administradores ligados e retiram peso do Governo no acompanhamento aos problemas no banco
Socialistas acrescentam nomes de ex-administradores ligados e retiram peso do Governo no acompanhamento aos problemas no banco
Jornalista
Diretor-adjunto
O Partido Socialista associa o facto de as maiores perdas na Caixa Geral de Depósitos terem sido registadas no mandato da equipa de Carlos Santos Ferreira, referido no projeto de relatório da comissão de inquérito ao banco público, à crise financeira.
O relatório preliminar, da autoria do centrista João Almeida, aponta que a “maioria das perdas teve origem nos anos do mandato da administração liderada por Santos Ferreira”.
“A maioria das perdas teve origem nos anos do mandato da administração liderada por Santos Ferreira, sendo contudo de referir que esse mandato coincide com a eclosão da crise financeira iniciada em 2007”, é a sugestão feita pelos socialistas na proposta de alteração que fez chegar ao inquérito parlamentar.
Santos Ferreira liderou a administração da CGD entre 2005 e 2007, sendo que é aquela que merece especial menção no relatório preliminar. De qualquer forma, João Almeida considera que a gestão da Caixa ao longo dos anos, e não apenas naquele, não foi sã nem prudente. Mas o PS quer incluir um contexto nessa ideia.
Só que esta conclusão específica do relatório preliminar tinha outras referências: “O vice-presidente Maldonado Gonelha, os administradores Armando Vara e Francisco Bandeira tiveram, segundo os trabalhos da comissão, intervenção direta nos créditos mais problemáticos”.
O PS propõe que esta segunda parte seja extraída e que seja introduzida uma conclusão diferente (o que poderá fazer com que a votação seja diferente face a cada uma das conclusões), tendo inclusive acrescentado novos nomes de ex-administradores: “O vice-presidente Maldonado Gonelha e os administradores Armando Vara, Celeste Cardona, Francisco Bandeira, Norberto Rosa e Vítor Fernandes tiveram, segundo os trabalhos da comissão, intervenção direta nos créditos mais problemáticos”.
Os socialistas, grupo parlamentar coordenado por João Paulo Correia, também aliviam a responsabilidade imputada ao acionista Estado no acompanhamento do tema.
“As irregularidades detetadas pelos órgãos de controlo interno foram reportadas ao Ministério das Finanças, não existindo evidência de diligências efetuadas no sentido de as colmatar”, era a versão inicial.
Na versão do PS não são irregularidades, mas problemas. “Os problemas detetados pelos órgãos de controlo interno foram reportados ao Ministério das Finanças, ainda que por vezes de forma vaga ou genérica, não existindo evidência de diligências efetuadas no sentido de os colmatar”.
Há mais alterações propostas pelo PS às conclusões do relatório preliminar do inquérito à CGD, algumas relativamente ao projeto da La Seda de Barcelona (e da fábrica petroquímica em Sines) e da operação Boats Caravela (a conclusão de João Almeida coloca a responsabilidade pelas perdas na gestão de João Salgueiro, mas o PS também a divide em dois).
Os partidos podem fazer propostas de alteração ao projeto de João Almeida até esta terça-feira. A votação do relatório final será esta quarta-feira à tarde.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt