Trump e Xi Jinping acordam nova trégua na guerra comercial
Os Estados Unidos e a China decidiram retomar as negociações que estavam suspensas desde maio, depois do encontro entre os dois presidentes este sábado à margem da cimeira do G20 no Japão
Os Estados Unidos e a China decidiram retomar as negociações que estavam suspensas desde maio, depois do encontro entre os dois presidentes este sábado à margem da cimeira do G20 no Japão
Jornalista
Os Estados Unidos e a China acordaram uma segunda trégua ao 359º dia da guerra comercial iniciada a 6 de julho de 2018, anunciou a agência de notícias chinesa Xinhua na sequência do encontro entre Trump e Xi Jinping este sábado à margem da cimeira do G20 em Osaka, no Japão.
A agência chinesa adianta que as negociações entre Washington e Pequim irão recomeçar.
À saída do encontro das duas delegações chefiadas pelos dois presidentes que durou oitenta minutos, Trump declarou que a reunião tinha sido "excelente" e que os EUA "estão de volta aos trilhos" com a China. Os EUA publicarão uma declaração pelas 7h30 (hora de Portugal).
Com esta segunda trégua na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, uma escalada na imposição de mais taxas é travada. Os EUA tinham ameaçado avançar com taxas alfandegárias de 25% sobre as restantes importações da China que ainda não estão abrangidas pela guerra comercial desencadeada por Trump em julho do ano passado.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) tinha avisado em abril, na publicação das suas previsões no World Economic Outlook, que uma escalada agravaria o abrandamento da economia mundial, para além dos estragos provocados nas duas economias em confronto. Essas previsões do FMI serão atualizadas agora no início de julho e os mercados financeiros têm estado nervosos na expetativa sobre o desenrolar desta guerra comercial. Face à incerteza, os principais bancos centrais, nomeadamente a Reserva Federal norte-americana e o Banco Central Europeu, declararam estar prontos para avançar com novos estímulos monetários no caso da conjuntura se agravar.
A guerra comercial foi iniciada a 6 de julho de 2018 com a imposição por parte de Washington de taxas de 25% sobre uma primeira lista de 818 produtos importados da China no valor de 34 mil milhões de dólares (cerca de €30 mil milhões). Seguiram-se novas medidas protecionistas dos EUA e retaliações por parte da China, chegando a um quadro de guerra comercial envolvendo taxas sobre 250 mil milhões de dólares (cerca de €220 mil milhões) de exportações da China para os EUA e sobre 110 mil milhões de dólares (€97 mil milhões) de exportações dos EUA para a China.
Uma primeira trégua de 90 dias foi acordada na reunião a 1 de dezembro entre os dois presidentes à margem da cimeira do G20 em Buenos Aires.
Delegações das duas partes negociaram durante o período de trégua que foi estendido e que só foi interrompido com a decisão de Trump a 5 de maio em escalar a guerra comercial com a subida das taxas aduaneiras de 10% para 25% sobre 200 mil milhões de dólares (€176 mil milhões) de importações a partir do dia 10 daquele mês.
Entretanto o confronto estendeu-se ao campo da tecnologia e muitos analistas falam do regresso de um quadro de guerra fria, agora entre as duas atuais principais potências do mundo.
Xi Jinping aproveitou a deslocação à cimeira do G20 para anunciar um pacote de medidas de abertura ao investimento estrangeiro e a determinação em acelerar as negociações comerciais com a União Europeia e finalizar o acordo tripartido com o Japão e a Coreia do Sul.
Pequim vai divulgar uma nova lista de sectores vedados ao capital estrangeiro, ampliando as exceções nas áreas da agricultura, minas, indústria e serviços. Também vai avançar com mais seis zonas piloto, incluindo uma nova em Xangai, e vai estabelecer um porto livre na ilha de Hainão. Uma nova lei sobre investimento estrangeiro vai ser publicada no início de 2020.
Também à margem do G20, os presidentes da China, Índia e Rússia, as três principais potências dos BRICS, decidiram reforçar a cooperação trilateral no sentido de apoiar "a globalização económica e a liberalização comercial" e combater "o protecionismo e o unilateralismo".
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