Economia

Comissão de inquérito da CGD: Sócrates vai ter de responder a mais de 90 perguntas

Comissão de inquérito da CGD: Sócrates vai ter de responder a mais de 90 perguntas
Rui Duarte Silva

PSD lidera em número de perguntas, PS esquece Vale de Lobo e PCP e CDS não enviaram perguntas No total são 10 perguntas do PS, 20 do Bloco de Esquerda e 56 do PSD. O antigo primeiro-ministro responderá por escrito à comissão de inquérito sobre a Caixa Geral de Depósito.

Comissão de inquérito da CGD: Sócrates vai ter de responder a mais de 90 perguntas

Miguel Prado

Editor de Economia

O antigo primeiro-ministro José Sócrates optou por responder por escrito à comissão parlamentar de inquérito sobre a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) e, segundo os requerimentos apresentados pelos deputados esta semana, são mais de 90 as perguntas a que Sócrates terá de responder, embora algumas delas sobre os mesmos temas.

O Partido Social Democrata (PSD) foi o autor do maior número de perguntas, num total de 56 questões endereçadas a José Sócrates. Já o Bloco de Esquerda enviou 20 perguntas e o Partido Socialista 10 perguntas. No site da comissão de inquérito não há requerimentos do Partido Comunista Português nem do CDS para a inquirição por escrito ao antigo governante.

A primeira questão colocada pelo PSD é sobre o motivo pelo qual Sócrates optou por responder por escrito e a segunda é sobre se se sente desconfortável relativamente aos atos do Governo que liderou envolvendo a gestão da CGD.

Os sociais-democratas questionam depois José Sócrates sobre a substituição do ministro das Finanças Luís Campos e Cunha e a alegada pressão (que Campos e Cunha denunciou em 2017) para substituir a administração da CGD. "Alguma vez pediu ao Prof. Campos e Cunha para nomear Santos Ferreira e Armando Vara para a administração da CGD?" é uma das questões do PSD.

O PSD também confronta Sócrates com quatro questões relativas a declarações do antigo ministro Fernando Teixeira dos Santos sobre a nomeação de Armando Vara para a CGD.

O questionário dos sociais-democratas para o antigo primeiro-ministro envolve ainda perguntas sobre a guerra de acionistas no BCP, a existência de reuniões com José Berardo, a passagem de administradores da CGD para o BCP, a exposição da CGD ao BCP, a oferta pública de aquisição da Sonae sobre a Portugal Telecom, o financiamento ao projeto Vale do Lobo, as relações com a La Seda de Barcelona e outros negócios envolvendo o banco público, como as relativas à Aerosoles e à Finpro.

A questão final do PSD para Sócrates é: "O Sr. Eng. recebeu quantias monetárias ou outros bens por parte do grupo BES, grupo Lena ou Vale do Lobo?".

Mais comedido, o PS enviou a Sócrates 10 perguntas, questionando-o, em primeiro lugar, sobre qual o seu papel na nomeação de administradores para a CGD. Os socialistas perguntam a Sócrates se conhecia a política de concessão de crédito da CGD e se indicou direta ou indiretamente à administração da Caixa que financiasse operações específicas.

O PS também quer saber se Sócrates deu indicações à CGD em matéria de recuperação de créditos ou prestação de garantias e se algum membro do seu Governo o fez.

Outra das questões dos socialistas incide sobre a alegada atuação de Sócrates junto de José Berardo sugerindo-lhe que pedisse financiamento à CGD para comprar ações do BCP. A última pergunta no requerimento do PS é sobre se Sócrates teve conhecimento de irregularidades na gestão do BCP.

O PS não colocou qualquer pergunta concreta sobre o projeto Vale do Lobo.

Quanto ao Bloco, apresenta um total de 20 perguntas. Não só coloca a Sócrates três perguntas sobre Vale do Lobo, como também questiona o antigo primeiro-ministro sobre o financiamento à La Seda de Barcelona e ao projeto Artlant (em Sines), confrontando-o ainda com os créditos da CGD garantidos por ações, nomeadamente o financiamento a várias entidades para comprarem ações do BCP.

O Bloco de Esquerda também interpela Sócrates sobre a nomeação de administradores para a CGD, incluindo Armando Vara, e sobre a mudança de administração do BCP, perguntando-lhe se se reuniu com acionistas do BCP ou com António Mexia.

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