Economia

Sindicatos entregam carta a Maya para trabalhadores receberem já tudo o que foi cortado no BCP

Miguel Maya, presidente executivo do BCP
Miguel Maya, presidente executivo do BCP

BCP quer devolver aos trabalhadores cerca de um terço do montante que ficou retido no banco entre 2014 e 2017. Três sindicatos preferiam mais. Assembleia-geral do banco, que decide esta distribuição, marcada por manifestação com centenas de trabalhadores

Sindicatos entregam carta a Maya para trabalhadores receberem já tudo o que foi cortado no BCP

Isabel Vicente

Jornalista

Sindicatos entregam carta a Maya para trabalhadores receberem já tudo o que foi cortado no BCP

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Três sindicatos da banca entregaram ao presidente executivo do Banco Comercial Português (BCP) uma carta a pedir a devolução integral dos cortes salariais entre 2014 e 2017. A entrega ocorreu na assembleia-geral desta quarta-feira, 22 de maio, reunião em que o banco propõe a distribuição de apenas cerca de 25% do valor retido nesses anos.

“O que se exige é a) o pagamento imediato de aumentos relativos a 2018 para os trabalhadores no ativo, reformados e pensionistas, tal como sucedeu com os maiores bancos em Portugal, por efeito do respectivo ACT-Geral; b) a garantia da revisão do ACT para recuperação de direitos e reposição do poder de compra; c) a devolução incondicional do valor global acumulado pelos cortes salariais de 2014 a 2017”, indica a carta assinada pelos representantes do Sindicato Nacional dos Quatros e Técnicos Bancários (SNQTB), do Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e do Sindicato Independente da Banca (SIB).

Em 2014, o banco propôs os cortes salariais aos trabalhadores que auferiam salários acima de 1.000 euros brutos mensais, com a promessa de vir a devolver esse montante quando houvesse condições. Em junho de 2017, acabaram os cortes, depois de o BCP ter devolvido a ajuda estatal recebida.

Em 2019, o BCP leva a assembleia-geral a proposta de repor cerca de 25% do valor retido: propõe pagar uma compensação de 12,6 milhões de euros, a distribuir em junho, do total de perto de 30 milhões que assumiu devolver aos funcionários.

Aos jornalistas, Paulo Marcos, que preside ao SNQTB (que está presente na assembleia por ter 100 ações do BCP), indicou que está de acordo com a compensação, “mas fazer isto aos bochechos não faz sentido”. “Os cortes foram feitos de uma só vez”, lembra. O sindicalista defende uma “distribuição mais justa entre todos os parceiros”, referindo-se a trabalhadores, fornecedores e acionistas. A assembleia-geral que decide esta compensação aos funcionários também delibera o pagamento de 30,2 milhões aos acionistas.

A entrega da missiva foi feita à comissão executiva liderada por Miguel Maya na assembleia-geral, reunião que foi marcada por uma manifestação promovida por estes três sindicatos a que se juntaram outras duas forças sindicais (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas e Sindicato dos Bancários do Centro).

“Promoções não são prémios, queremos o que é nosso”, “pedimos reposição das remunerações retidas aos trabalhadores do BCP” e “reclamamos que o BCP paga de imediato aumentos da tabela salarial, pensões de reforma e sobrevivência” foram palavras repetidas na manifestação, iniciada depois das 13h00, uma hora e meia antes da assembleia-geral.

Estiveram presentes na manifestação centenas de trabalhadores no ativo ou reformados e pensionistas, com os sindicalistas a assegurarem que vieram de várias regiões do país.

O protesto começou a desmobilizar antes de ser votada pelos acionistas a proposta na reunião, por volta das 16h00.

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