A Zona Euro deve reagir ao impacto negativo da guerra comercial, recomenda a Organização para a Cooperação Económica e Desenvolvimento (OCDE) no ‘Economic Outlook’, o relatório de previsões e sugestões de políticas publicado esta terça-feira em Paris.
A recomendação foi global, mas a OCDE avançou com sugestões específicas para o espaço do euro. Laurence Boone, a economista-chefe da organização, apresentou o relatório sublinhando uma recomendação política clara: “Encorajamos fortemente os governos a usarem todas as ferramentas de política à sua disposição” para reagirem ao crescimento medíocre da economia mundial em 2019, que deverá cair para 3,2%, e aos riscos ligados a uma escalada da guerra comercial a partir do verão.
Mas em relação à zona euro, a OCDE vai mais longe do que o apelo genérico. Em vez de depender mais da política monetária, os governos do euro devem aproveitar o contexto de taxas de juro de curto e longo prazo baixas para realizar reformas estruturais e avançar com estímulos orçamentais, nas economias onde a dívida é mais baixa e existem excedentes orçamentais e externos.
O recado vai diretamente para a Alemanha e a Holanda. As prioridades devem virar-se para o investimento em infraestruturas, sobretudo digitais, transportes e energia verde, e melhoria das competências dos cidadãos, diz o relatório da OCDE.
Estímulos orçamentais durante três anos
Dando números ao plano na zona euro, os técnicos da organização avançam com duas linhas de ação: reformas estruturais que aumentem a produtividade em 0,2 pontos percentuais por ano durante cinco anos; e estímulos orçamentais por três anos na ordem de 0,5% do PIB nos países com baixo nível de dívida. O impacto a longo prazo desta intervenção seria de perto de 1% do PIB.
O complemento necessário é que o Banco Central Europeu mantenha um ambiente em que “as taxas de juro se mantenham baixas por mais tempo”. No entanto, como a política monetária expansionista na zona euro tem alguns efeitos colaterais negativos, a OCDE recomenda que aumentem as medidas macroprudênciais em relação ao sector bancário. O relatório destaca que em alguns países do euro – como Alemanha, Bélgica, Espanha e Portugal – há apenas “orientação” e que se deveria ir mais longe, como, por exemplo, está a fazer a França.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt