A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) reviu em baixa a sua previsão de crescimento para a economia portuguesa este ano. No Economic Outlook, publicado esta terça-feira, a instituição sedeada em Paris aponta para um crescimento do PIB em 2019 de 1,8%, enquanto há seis meses antecipava uma expansão de 2,1%. Quanto a 2020, a projeção manteve-se inalterada nos 1,9%.
A OCDE está, assim mais pessimista sobre a evolução da atividade económica este ano. E, antecipa um crescimento mais modesto do que o Governo. Recorde-se que no Programa de Estabilidade, publicado em abril, o Ministério das Finanças aponta para uma expansão do PIB de 1,9% tanto em 2019 como em 2020.
Contudo, os números da OCDE ficam acima das previsões das principais organizações nacionais e internacionais, que apontam para um crescimento ainda mais modesto, entre 1,6% e 1,7% em 2019, e entre 1,5% e 1,7% em 2020.
Além disso, caso se confirmem as previsões da instituição, Portugal vai continuar a crescer acima da média dos parceiros da zona euro, tanto em 2019, como em 2020. Isto porque, apesar de ter revisto em alta a projeção para a evolução do PIB no espaço do euro, a OCDE aponta para valores modestos, de 1,2% este ano e 1,4% no próximo.
Consumo e investimento sustentam a economia
"O crescimento económico deverá permanecer estável", escreve a OCDE na análise a Portugal. Tudo por causa de duas variáveis cruciais: o consumo e o investimento. "O consumo privado vai continuar a subir em resposta ao crescimento persistente do emprego e, mais recentemente, aumentos salariais", lê-se no documento.
Até porque, apesar de apontar para um crescimento do PIB mais modesto este ano, a OCDE até reviu em ligeira baixa a previsão para a taxa de desemprego, dos 6,4%, para os 6,3%. Em sentido contrário, a organização está mais conservadora em relação a 2020, apontando para uma descida da taxa para os 5,9%, quando em novembro via o desemprego a recuar até aos 5,7%.
Ao mesmo tempo, "o crescimento do investimento empresarial deve permanecer robusto, apoiado por lucros empresariais forte e condições financeiras acomodatícias", considera a OCDE.
Já "o crescimento das exportações vai abrandar", num contexto de fraqueza da atividade económica nos principais parceiros comerciais portugueses.
Adeus excedente orçamental
Com a política orçamental a "apoiar modestamente" o crescimento económico em 2019 e 2020, a OCDE está agora também mais pessimista em relação à evolução do saldo das contas públicas. A previsão é de um défice de 0,5% do PIB este ano ( e já não de 0,2%), com o saldo orçamental a manter-se negativo em 2020, nos -0,2% do PIB (e não um excedente de 0,1% do PIB).
Mais uma vez, são números mais pessimistas do que os do Governo, cuja meta é um défice de 0,2% do PIB este ano e um excedente de 0,3% do PIB em 2020.
Neste contexto, a OCDE alerta que "a redução da dívida pública deve continuar a ser priorizada", nomeadamente através da introdução de novas alterações de políticas que estimulem a produtividade.
A instituição aponta alguns exemplos. "As regulações existentes nalguns sectores, incluindo as profissões liberais e os transportes, devem ser reformadas para reduzir o custo dos inputs intermédios usados pelas empresas".
Além disso, "as reformas do sistema judicial e do sistema de educação e formação profissional devem ser prosseguidas".