Economia

Novo Banco, velhas questões

Novo Banco, velhas questões
José Carlos Carvalho

O governador Carlos Costa foi ao Parlamento a mais uma audição sobre o Novo Banco. Em ano eleitoral, a resolução do BES e a venda do banco herdeiro são discutidas. Outra vez

Novo Banco, velhas questões

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Devia ter havido resolução do BES em 2014?

“O resultado obtido foi objetivamente o melhor possível face às circunstâncias”: Carlos Costa dixit sobre a resolução do BES. O governador olha para a qualidade do crédito do banco e para as necessidades de capitalização e defende que uma alternativa à resolução teria tido custos mais elevados. A capitalização decidida na altura, de €4,9 mil milhões, era a necessária à luz da auditoria então realizada pela PwC, argumenta. A esquerda, que estava na oposição em 2014, defende que o montante devia ter sido mais elevado.

A divisão entre BES e Novo Banco foi bem feita?

Uma divisão distinta daquela que foi feita em 2014 obrigaria a que o Fundo de Resolução entrasse logo com mais dinheiro, argumenta o líder do supervisor. E qualquer recuperação do valor dos ativos não seria absorvida pelo banco, mas pela massa insolvente do BES mau. Esta é a resposta do Banco de Portugal ao Governo, que tem dito que a resolução separou o BES entre um banco mau e um banco péssimo. Carlos Costa defende que os créditos que hoje obrigam o Fundo de Resolução a colocar mais €1,1 mil milhões no banco têm “essencialmente” origem no BES.

A venda em 2017 foi feita nos melhores moldes?

Decidida em 2017, já no atual Executivo, a alienação de 75% do capital do Novo Banco à Lone Star é atacada pela direita. O PSD e CDS são contra a criação do mecanismo de capital contingente, o sistema que pode custar ainda mais €2 mil milhões ao Fundo de Resolução. Carlos Costa não tem dúvidas: “A proposta apresentada pela Lone Star foi a proposta financeiramente menos onerosa para o Fundo de Resolução.” O vice-governador, Máximo dos Santos, já o tinha assumido: ou havia o mecanismo ou o banco podia ver a continuidade em dúvida.

A auditoria vai tirar todas as dúvidas sobre os créditos?

O mecanismo protege a Lone Star dos ativos tóxicos do Novo Banco. Vem aí uma auditoria, pedida pelo Governo, que pretende olhar para a concessão desses créditos. Os deputados querem olhar para as exposições e perceber se logo em 2014 havia razões para duvidar do seu pagamento –— deveriam ter permanecido no BES mau, em vez de transitarem para o Novo Banco? Dentro de 15 dias, chegará ao Parlamento a lista dos maiores devedores do banco. “Sabia que era mau, não tinha ideia que fosse tão mau”, disse já José Rodrigues de Jesus, que acompanha este mecanismo.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: dcavaleiro@expresso.impresa.pt

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