Portugal explica 93% do lucro de 49 milhões do BPI
Os lucros do BPI estiveram praticamente limitados a Portugal no primeiro trimestre. O resultado líquido recuou 77% até Março. Crédito à habitação está em recuo
Os lucros do BPI estiveram praticamente limitados a Portugal no primeiro trimestre. O resultado líquido recuou 77% até Março. Crédito à habitação está em recuo
Jornalista
Os lucros do BPI afundaram 77%. Angola não entrou para os cálculos no primeiro trimestre e, em Portugal, não houve as mais-valias que abrilhantaram as contas de 2018. Assim, foi com um lucro de 49,2 milhões que o banco controlado pelos espanhóis do CaixaBank fechou o primeiro trimestre de 2019. A quase totalidade do negócio foi obtido em Portugal, cumprindo um desígnio do acionista.
O lucro do primeiro trimestre do ano passado tinha sido de 210 milhões de euros, graças sobretudo à venda da Viacer. A atividade nacional rendeu 56% do lucro consolidado. Um ano depois, o resultado líquido foi de 49,2 milhões de euros nos primeiros três meses do ano passado, sendo que 92,5% deste montante, 45,5 milhões, resultam da operação doméstica.
E havendo quebra na operação nacional, também se sentiu na actividade internacional. O moçambicano BCI rendeu 3,7 milhões de euros, abaixo dos 5 milhões do período homólogo. Angola só vai contar para os resultados quando o BFA pagar dividendos.
“Este foi o primeiro trimestre dos últimos dois anos que não tem aspectos extraordinários, seja por vendas, seja por mudanças contabilísticas, seja por custos extraordinários. É um trimestre normalizado”, declarou o presidente executivo da instituição financeira, Pablo Forero, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados.
E, no primeiro trimestre nessas condições, os resultados comparam negativamente em muitas rubricas em relação ao trimestre homólogo.
O CEO do banco disse aos jornalistas que sentiu, em janeiro e fevereiro, sentiu uma “abrandamento da procura por crédito à habitação”. O crédito hipotecário, o segmento mais relevante no negócio do banco, cedeu 0,5% - também houve recuo no novo crédito hipotecário contratado.
Este segmento foi compensado pelo avanço de 0,6% do crédito a empresas. No seu todo, a carteira de crédito total cresceu 0,3% para 23,5 mil milhões de euros. Cerca de mil milhões das exposições do banco são não produtivas (as chamadas NPE, “non-performing exposures”), num rácio que se fixa em 3,3%.
Já os recursos de clientes do BPI, que conta com 421 balcões, somaram 1,3% para 33,6 mil milhões de euros, com os depósitos a crescerem 0,7% e os ativos sob gestão (fundos de investimento e seguros de capitalização) ganharam 2,5%.
Tendo em conta que, apesar do desempenho negativo da habitação, a carteira de crédito cresceu, a margem financeira – que representa a diferença entre os juros cobrados em créditos concedidos e os juros pagos em depósitos – conseguiu subir 5,2% para 106,8 milhões.
Já as comissões cederam 8% para 60,4 milhões, decorrente das vendas ao CaixaBank dos negócios de cartões e banca de investimento. Sem este impacto, as comissões teriam crescido 3,3%, segundo o banco.
Na soma de todas as rubricas de proveitos, o produto bancário recuou 48% para 178 milhões, pela perda das mais-valias nas vendas.
No sentido inverso, os custos cresceram para 111,1 milhões, o que reflecte os investimentos do banco na parte digital, segundo Pablo Forero. O BPI empregava 4.821 funcionários em Março, um recuo de 67 profissionais.
Houve uma reversão de 1,2 milhões de imparidades constituídas entre janeiro e março, ainda assim, bastante abaixo da recuperação de 11,2 milhões do período homólogo. “O banco é muito conservador quando faz as imparidades”.
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