O principal índice da Bolsa de Madrid, o Ibex 35, abriu esta segunda-feira a cair 0,7%, depois da vitória do Partido Socialista (PSOE) do primeiro-ministro incumbente Pedro Sánchez que ganhou as eleições legislativas antecipadas de domingo, ainda que longe da maioria absoluta no Congresso de Deputados, como indicavam as sondagens. Na zona euro, os índices bolsistas estão no verde.
A queda na bolsa madrilena já era esperada tendo em conta as indicações dadas pelos futuros. Historicamente, o Ibex 35 sempre registou quedas nas sessões após eleições legislativas desde que foi lançado em 1992, segundo um estudo do El Economista. Após as últimas oito eleições gerais, o Ibex 35 perdeu cerca de 3% em média nas sessões seguintes aos atos eleitoriais.
A vitória socialista sem maioria absoluta exige que Sánchez procure acordos no Congresso de Deputados para poder formar governo e nomeadamente aprovar o Orçamento para 2019. A maioria dos analistas políticos aponta para uma maioria de esquerda de apoio ao novo governo socialista, contando também com o apoio de partidos regionalistas e a abstenção potencial de alguns partidos independentistas. Já esta segunda-feira, a vice-presidente do governo, Carmen Calvo, adiantou à Cadena Ser que o PSOE pode optar por formar um governo minoritário "solitário", negociando os apoios para a sua passagem no Congresso.
Os analistas políticos sublinham, ainda, que os socialistas dispõem, agora, de uma maioria absoluta no Senado, a câmara alta que tem direito de veto sobre os objetivos do orçamento e que pode aplicar medidas contra o independentismo.
Apesar da pressão das bases socialistas para nenhum acordo com o Ciudadanos, que por sua vez se declarou ontem como líder da oposição no Congresso de Deputados, Sánchez, no discurso de triunfo no domingo, não deu indicação sobre os pactos que tem em mente para o futuro governo.
Para os analistas económicos, a solução mais estável para a legislatura seria um governo de maioria absoluta entre os socialistas e o Ciudadanos, a terceira força política que disputa a liderança à direita, solução política defendida, na semana passada, pelo Financial Times e pela revista The Economist. Este domingo, após conhecidos os resultados eleitoriais, foi defendida pelos editorialistas de vários jornais espanhóis, como o ABC, El Español, El Economista e El Confidencial, que preveem que um governo de Sánchez, apoiado à esquerda, não será "amigo do Ibex", e que para os meios empresariais a solução Pedro Sánchez-Albert Rivera (o líder de Ciudadanos) seria a mais "amiga" do mundo financeiro e empresarial.
A formação rápida de um governo não é encarada pelos analistas, apontando para uma solução política só após as eleições para o Parlamento Europeu e para algumas autonomias e municipíos que decorrem até final de maio.
O Ibex 35 regista uma subida de 11% desde o início do ano em linha com os ganhos nas outras praças da zona euro. Na semana passada, perdeu 0,8%, o que está em linha com os resultados históricos nas semanas anteriores às oito eleições realizadas desde que o índice foi lançado, segundo o estudo do El Economista.
Refira-se que Sánchez conseguiu tirar Espanha no ano passado dos défices excessivos acima de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), em virtude do défice orçamental de 2,48% confirmado pelo Eurostat na semana passada. Desde 2008, que o orçamento espanhol registava défices acima da linha vermelha dos 3% do PIB.
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