Há acordo para o fim da greve dos motoristas de materiais perigosos. Chega ao fim quinta-feira, 18 de abril, depois de ter começado no dia 15. Contudo, será praticamente impossível que todos os portugueses consigam reabastecer o depósito do automóvel em condições normais antes da Páscoa. Fonte de uma das maiores petrolíferas a operar em Portugal assegurou ao Expresso que não só “estamos longe de conseguir garantir serviços mínimos” como a situação dos postos de combustível “demorará cinco a sete dias a normalizar” após o fim da greve.
De acordo com a mesma fonte, que pediu para não ser identificada, “em condições normais a estrutura logística está feita para ser coberta em três dias, mas não com esta loucura”. E, acrescenta, “há muitos postos abastecidos que vão voltar a secar”.
O Expresso contactou os responsáveis de várias gasolineiras que operam em Portugal. Uma das fontes ouvidas admitiu que a normalização após o fim da greve deverá levar, num cenário otimista, quatro a oito dias, mas, dependendo de vários fatores, essa reposição da normalidade pode chegar às duas semanas.
Emanuel Proença, administrador da Prio, admite também que o processo será moroso. “A Prio estima que a normalidade seja totalmente reposta pelo menos 3 a 7 dias a contar da data do fim da greve. Os níveis de serviços mínimos definidos não são suficientes para garantir o normal funcionamento da economia. Além dos cerca de 250 postos geridos pela Prio, são inúmeros os serviços e infraestruturas que contam com abastecimento de combustíveis para poderem continuar a operar e servir as populações”, declara o gestor ao Expresso.
E a razão para a demora na normalização mesmo com o fim da greve é a forma, relativamente rígida, como a logística da distribuição de produtos petrolíferos está montada. Em média, um posto em Portugal vende 8 a 10 mil litros de combustível por dia. Os camiões-cisterna transportam 30 mil litros. Normalmente, os postos de combustível em Portugal são reabastecidos a cada três dias. Mas como a procura dos automobilistas permanece em níveis especialmente elevados, é expectável que, uma vez reabastecido, cada posto rapidamente veja o seu stock recuar.
Um dos gestores que o Expresso ouviu estima que “as redes vão precisar de pelo menos dois ou três ciclos de abastecimento” até que a disponibilidade de combustíveis a nível nacional seja total, sem mangueiras secas. Até porque as petrolíferas não só têm um número limitado de camiões-cisterna ao seu dispor como os próprios motoristas têm um limite diário de horas em que podem trabalhar.
Reabastecimento a conta-gotas
O reabastecimento tem sido feito de forma limitada. Por exemplo, logo na terça-feira, uma coluna de camiões-cisterna saiu para abastecer o aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. No dia seguinte, o cenário voltou a repetir-se.
A paralisação chega ao fim depois de dias de discussão dos serviços mínimos decretos, primeiro definidos para as regiões de Lisboa e Porto, depois alargados para todo o país. Esses serviços permitiam a realização de 40% das normais operações de abastecimento de combustíveis.
Antes do fim da greve, foram definidos como prioritários 310 postos de combustível em todo o país, onde o abastecimento está limitado a 15 litros de gasolina ou gasóleo.
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