Bancos reduzem malparado quase para metade desde 2016
Rentabilidade da banca aumenta à boleia da diminuição das imparidades e das provisões
Rentabilidade da banca aumenta à boleia da diminuição das imparidades e das provisões
Jornalista
O rácio de crédito malparado (NPL-Non Performing Loans) da banca portuguesa caiu abaixo dos 10% em dezembro de 2018, mantendo a tendência decrescente desde que atingiu o seu máximo em junho de 2016. Numa radiografia aos principais indicadores da banca a operar em Portugal, disponibilizado esta quinta-feira pelo Banco de Portugal, conclui-se que desde esse pico houve uma descida de 8,5 pontos percentuais do rácio de NPL para 9,4% em termos brutos.
"Uma dinâmica que reflete uma redução de quase 50% do stock total de crédito improdutivo (NPL)" que corresponde a "uma diminuição de 24,6 mil milhões de euros" em particular no segmento das empresas, refere o banco central.
Em termos líquidos, ou seja, descontando as imparidades (perdas) entretanto assumidas nestes ativos, houve uma diminuição de 1,9 pontos percentuais de setembro a dezembro de 2018. Já o rácio de cobertura por imparidades dos NPL, em termos globais, diminuiu 1,4 pontos percentuais para 51,9% no final de dezembro, ditado por uma redução da cobertura dos NPL relativos a empresas.
O Novo Banco, BCP, CGD e Montepio são os bancos mais expostos ao malparado tendo planos de redução afinadas com os supervisores. A esta evolução não é estranha a melhoria da rentabilidade. Segundo os dados do Banco de Portugal, a rendibilidade dos capitais próprios da banca melhorou 3,7 pontos percentuais face a 2017 para os 7,1%. Já a rendibilidade do ativo cresceu marginalmente 0,3 pontos percentuais para 0,7%, contribuindo para isso a redução expressiva das provisões e imparidades, especialmente as relativas ao crédito.
Já a evolução do produto bancário no ativo foi negativa já que se verificou em 2018 uma redução dos resultados em operações financeiras, associadas a perdas com venda de créditos, assim como, lê-se no relatório, "à dissipação do efeito base relacionado com o registo em outros resultados de exploração, no exercício 2017, das prestações relacionadas com o Mecanismo de Capital Contingente previsto nos contratos de venda do Novo Banco".
O financiamento de bancos centrais manteve-se em 5,3% do ativo no final de 2018 o que corresponde " ao valor mais baixo desde o primeiro semestre de 2010". Os níveis de liquidez do sistema mantêm-se "confortáveis" e o rácio de transformação (crédito sobre depósitos) foi de 88,9%.
O rácio cost-to-income (custos sobre proveitos) situou-se em 60,3% agravando-se face a 2017 quando estava nos 52,8%. Para isso pesou uma redução de custos operacionais menor do que a desejável (1,9%), assim como a redução do produto bancário devido sobretudo à diminuição dos resultados em operações financeiras.
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