Economia

BCE não sabe quanto tempo vai durar a desaceleração da economia

As previsões do Banco Central Europeu para o crescimento e a inflação na zona euro podem ser "otimistas", mesmo depois de revistas em baixa, pois para os banqueiros centrais do euro é uma incógnita a duração do atual abrandamento da economia, revelam as atas da reunião de 6 e 7 de março publicadas esta quinta-feira

O Banco Central Europeu (BCE) reviu em baixa na reunião de 6 e 7 de março as previsões para o crescimento económico e a inflação na zona euro para 2019 e 2020, mas os participantes manifestaram que ainda podem sofrer de "otimismo", revelam as atas dessa reunião publicadas esta quinta-feira.

A revisão no caso do crescimento em 2019 foi até "substancial", com um corte de 1,7% para 1,1%, mas os banqueiros centrais do euro sublinharam que "não é clara" qual vai ser a duração do abrandamento económico na zona euro em curso. O problema é que a incerteza sobre os riscos dominantes, que pesam sobre a evolução da conjuntura, "poderá ser mais persistente do que o esperado", admitiram os participantes.

Ainda que "a probabilidade da recessão seja baixa", segundo o consenso dos participantes na reunião, a duração do abrandamento é um elemento central para a orientação da política monetária em 2019 e 2020.

Mario Draghi, numa conferência organizada pelo BCE no final de março, sublinhou que o BCE enfrentou o mesmo desafio em 2016. Então, a economia dos 19 cresceu em cadeia, apenas 0,3% no segundo e terceiro trimestres, e registaram-se três meses de deflação (de quebra de preços no consumidor). Recorde-se que, então, o BCE reagiu em março desse ano com uma descida das taxas diretoras para mínimos históricos (onde se mantêm ainda hoje) e com um aumento para €80 mil milhões das compras de ativos por mês.

Face à incerteza, "um certo número de participantes" (segundo a transcrição nas atas) manifestou-se, inicialmente, na reunião por uma extensão até final de março de 2019 da garantia de que o BCE não mexeria nas taxas diretoras. O consenso acabaria por se consolidar em torno da proposta de Peter Praet, o economista-chefe que termina o mandato no próximo mês, por um maior "gradualismo", optando por comunicar que a garantia só é dada, por ora, até final deste ano.

Os banqueiros dariam o seu acordo a uma proposta adicional de Praet para o lançamento a partir de setembro de uma nova linha de financiamento aos bancos, uma terceira versão da TLTRO, cujos detalhes "merecem mais reflexão" e que serão, por isso, publicados oportunamente.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate