Álvaro Santos Pereira foi a grande ausência no evento de apresentação, há poucas semanas, em Lisboa, do mais recente relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre Portugal.
Uma ausência que aconteceu na sequência de um telefonema do ministro das Finanças e presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, ao secretário-geral da OCDE, Angél Gurría. A revelação foi feita pelo diretor do departamento de estudos sobre países da OCDE, na Assembleia da República, onde foi ouvido esta quarta-feira, na Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
Recorde-se que depois de um verdadeiro braço-de-ferro que opôs o Governo português e o ex-ministro da Economia de Pedro Passos Coelho, por causa da análise sobre a corrupção - e que o Expresso noticiou em primeira mão -, Santos Pereira não esteve presente no evento que juntou Angél Gurria, secretário-geral da OCDE, a Pedro Siza Vieira, ministro-adjunto e da Economia.
Na altura, Gurría indicou ter sido ele a "sugerir" a Santos Pereira não estar presente, apesar de liderar a equipa que preparou o relatório.
No Parlamento, questionado pelos deputados sobre se houve um veto do Governo à sua presença, como foi veiculado na imprensa, Santos Pereira revelou: "poucos dias antes do evento recebi um contacto do secretário-geral" para não estar presente. Isto aconteceu após "contactos telefónicos do presidente do Eurogrupo [Mário Venteno] com o secretário-geral da OCDE, onde foi manifestado incómodo com a minha presença", disse Álvaro Santos Pereira aos deputados.
Recorde-se que estava também previsto um segundo evento, onde Santos Pereira iria fazer uma apresentação técnica do documento, em parceria com a Ordem dos Economistas, e que foi cancelado. Razões? "O secretário-geral transmitiu-me, suponho que também na sequência desse contacto [de Mário Centeno], que o evento não seria feito nessa altura", vincou Álvaro Santos Pereira.
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