Há um novo recorde em Lisboa: €2,4 milhões em negócios imobiliários por hora

Durante o ano passado foram transacionados 13.150 imóveis, o que totaliza €6 mil milhões de euros, mais 35% que em 2017
Durante o ano passado foram transacionados 13.150 imóveis, o que totaliza €6 mil milhões de euros, mais 35% que em 2017
Coordenador de Economia
Em cada hora foram movimentados €2,4 milhões na compra e venda de imóveis em Lisboa em 2018, tendo em conta os horários de funcionamento dos cartórios notariais (das 9h às 19h), ou seja, aproximadamente €40 mil por minuto. Nunca em Portugal se transacionou tanto dinheiro em tão pouco tempo no imobiliário.
No perímetro daquela que é classificada como Área de Reabilitação Urbana de Lisboa (ARU) — e que engloba praticamente toda a cidade — foram registadas 13.150 transações de imóveis durante 2018, ao que correspondeu um valor de €6 mil milhões, segundo dados avançados ao Expresso pelo Confidencial Imobiliário. Um aumento de 35% face ao ano anterior e que estabelece um novo recorde para a capital do país. Estes dados incluem todas as transações imobiliárias realizadas, ao contrário do INE que, nos dados divulgados esta semana para todo o país, apenas inclui habitação (ver caixa).
“Estamos sempre à espera do tal arrefecimento do mercado, mas os números acabam por nos surpreender”, sublinha Ricardo Guimarães, diretor da base de dados Confidencial Imobiliário (CI). A primeira metade do ano foi a mais dinâmica em número de operações (cerca de 7080, ou seja, mais 1000 do que no semestre seguinte), embora o volume transacionado nos dois semestres fosse idêntico (€3 mil milhões no primeiro semestre contra €2,92 mil milhões no segundo semestre), o que resultou num aumento de 13% no valor médio por transação entre os dois semestres.
“Se nos primeiros seis meses do ano o valor médio se situava em €430,7 mil — uma marca, aliás, muito expressiva face à realidade do mercado em anos anteriores, cuja média ficou sempre abaixo dos €400 mil por transação —, na segunda metade, saltou para os €485,7 mil, projetando o total anual para €456,2 mil”, refere a análise feita pela equipa da CI.
Os mesmos responsáveis garantem que, também neste indicador, o mercado da ARU de Lisboa se mostrou especialmente dinâmico em 2018, com um preço médio por transação €55 mil acima do registado em 2017 (€399,4 mil).
Ricardo Guimarães diz que não esperava um crescimento tão acentuado em mais um ano consecutivo. De acordo com os dados da CI, o volume de negócios na ARU de Lisboa está a subir desde 2016. Se recuarmos até 2014 — na altura em que Portugal dava os primeiros passos depois da crise económica e financeira que assolou o país sobretudo a partir de 2011 — a diferença é superior a 100%. Passou-se de um volume de negócios de €2,5 mil milhões (2014) para os €6 mil milhões já referidos, no ano passado.
Fazendo um zoom na análise por zonas, a CI concluiu que a Estrela, as Avenidas Novas e Arroios, com maior tradição residencial, e Santa Maria Maior, Misericórdia e Santo António, de maior apelo turístico, continuaram a ser os principais destinos dos investidores, concentrando 60% de todo o montante transacionado.
As Avenidas Novas e Santa Maria Maior lideraram em 2018 (ambas com pesos de 12,6% do total e cerca de €750 milhões transacionados), esta última apresentando mesmo um expressivo aumento de mais de 120% no volume investido (40% nas Avenidas Novas).
A freguesia de Santo António (que corresponde ao eixo da Avenida da Liberdade), que em 2017 era o principal alvo de investimento, perdeu representatividade (14,5% para 11,6%) mas manteve um volume de investimento muito significativo e em crescimento (+11% para €688,5 milhões). Arroios recebeu €519 milhões (+22%) e a Estrela, após uma subida de 43%, atraiu €415 milhões, praticamente o mesmo que a Misericórdia (€410 milhões).
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: VAndrade@expresso.impresa.pt