O maior banco do sistema bancário português não causava grandes preocupações ao Banco de Portugal, confidenciou Vítor Constâncio nas primeiras palavras que dirigiu aos deputados da segunda comissão de inquérito à gestão da Caixa Geral de Depósitos.
“A Caixa Geral de Depósitos foi sempre uma instituição que não nos deu muitas preocupações”, declarou o governador do Banco de Portugal entre 2000 e 2015 na sua audição parlamentar desta quinta-feira, 28 de março.
Vítor Constâncio foi o governador do Banco de Portugal entre 2000 e 2010, sendo que este período corresponde a dois terços dos 15 anos que foram analisados na auditoria da EY aos atos de gestão do banco público e que detetaram incumprimentos face aos normativos, e também problemas na concessão e acompanhamento de créditos, em que não havia garantias exigentes o suficiente face ao risco dos clientes.
Esta é a primeira audição presencial de Constâncio no Parlamento em que presta declarações sobre a instituição financeira de capitais públicos.
No primeiro inquérito à gestão da CGD, como era ainda vice-presidente do Banco Central Europeu (instituição que não tem de prestar contas aos parlamentos nacionais), o antigo governador tinha respondido por escrito, justificando que esteve afastado de matérias de supervisão bancária, já que havia um vice-governador com poderes delegados nessa área.
A audição do antigo vice-presidente do Banco Central Europeu começou com Constâncio a dizer que nada de novo tinha para dizer: “Não tenho nada de novo a acrescentar às respostas que dei por escrito, não tenho novas informações”, disse, lembrando que, desde que saiu do BCE, não está no ativo.
Vítor Constâncio lembrou, também, que a supervisão não pode evitar nem anular decisões de crédito.
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