26 março 2019 19:45
Florbela Lima, da auditora EY, na comissão parlamentar de inquérito à CGD
antónio cotrim/lusa
O PSD quis saber qual o motivo para Armando Vara não ter sido ouvido na auditoria feita pela EY. A especialista da empresa diz que coube aos ex-presidentes da administração escolher quem explicava as decisões dos respectivos mandatos
26 março 2019 19:45
“Porque não ouviram o Dr. Armando Vara?”. A pergunta partiu da deputada social-democrata Inês Domingos e foi colocada a Florbela Lima, a responsável pelo relatório de auditoria da EY, que escrutinou 15 anos de gestão da Caixa Geral de Depósitos.
Segundo o documento, houve vários ex-administradores, incluindo presidentes, a serem ouvidos ao longo dos trabalhos da auditoria, que percorreu o período entre 2000 e 2015: António de Sousa, José Ramalho, Carlos Santos Ferreira, Vítor Fernandes, Fernando Faria de Oliveira, José Araújo e Silva, Francisco Bandeira, Norberto Rosa, Jorge Tomé e ainda José de Matos.
“A decisão de quem esteve presente não foi uma decisão nossa. Foi do presidente do conselho de administração. Tinha autonomia e poder para poder responder a dúvidas sobre aquele seu mandato”, justificou Florbela Lima, a especialista da EY, na audição desta terça-feira, 26 de março, a primeira que ocorreu na segunda comissão de inquérito à gestão da CGD.
Segundo explicou Florbela Lima, “não foi igual para todos porque os presidentes dos conselhos de administração assim o entenderam. Alguns vieram sozinhos e outros trouxeram vários membros”.
Atualmente detido devido ao processo Face Oculta (tráfico de influências), Armando Vara foi administrador executivo durante 2005 e 2007, o período da presidência de Santos Ferreira. Ou seja, foi o próprio Santos Ferreira que considerou que não era necessária a auscultação a Vara sobre a razão para se verificar incumprimento na concessão de crédito.
O envolvimento do antigo ministro socialista na auditoria coloca-se, também, por conta do facto de já ter sido acusado pelo Ministério Público pelo envolvimento num negócio da CGD: Vale do Lobo.
O incumprimento dos regulamentos internos na hora de dar créditos e a ausência de regras na atribuição de bónus aos administradores são algumas das conclusões do documento.
A audição de Florbela Lima é a primeira a realizar-se na segunda comissão de inquérito à gestão da CGD. Esta quarta-feira, segue-se a de Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, e de Vítor Constâncio, seu antecessor, na quinta-feira.