Economia

O Novo Banco é como o azeite: Tanto a fatura como a parte má do banco vieram ao de cima

O Novo Banco é como o azeite: Tanto a fatura como a parte má do banco vieram ao de cima
tiago miranda

Para o PSD, o Governo tentou esconder a fatura do Novo Banco, que ganhou nova rubrica há uma semana. Para o PS, foi a resolução de 2014, quando estava o anterior Executivo em funções, que originou as perdas. Mas tanto uma como a outra questões vieram ao de cima. Como o azeite

O Novo Banco é como o azeite: Tanto a fatura como a parte má do banco vieram ao de cima

Diogo Cavaleiro

Jornalista

Foi uma audição parlamentar sobre o Novo Banco, mas o azeite assumiu um papel determinante nas primeiras intervenções. De um lado, o Partido Social Democrata a dizer que a fatura que o Governo tentou esconder foi descoberta. Do outro, o ministro das Finanças a referir que a má parcela do antigo BES que ficou no Novo Banco teria, sempre, de ser conhecida. Factos que vieram ao de cima, como o azeite.

“A verdade é como o azeite: vem sempre ao de cima. E a fatura também”, declarou o deputado social-democrata Duarte Pacheco, na intervenção em que fez questões ao ministro das Finanças, no âmbito da comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa, agendada por um requerimento do PSD para explicar a situação no Novo Banco.

Os sociais democratas têm argumentado que o Governo socialista não admitiu que haveria efetivamente riscos para os contribuintes devido à venda da maioria do capital da instituição financeira à Lone Star. Até aqui, os encargos do Fundo de Resolução com o Novo Banco já estão em 1,9 mil milhões de euros, cerca de metade do teto máximo de 3,89 mil milhões previstos em 2017. Um mecanismo que é conhecido desde a venda, em 2017.

Mário Centeno recusa que tenha escondido algo, adiantando que essa ação foi praticada, sim, pelo Executivo anterior: “Aquilo que foi tentado esconder... a verdade é que uma parte não era um banco bom, era um banco muito mau”. O Novo Banco era um “banco muito mau”, continuou o ministro das Finanças, mantendo a ideia que tem vindo a ser defendida pelo PS e pelo Governo.

“É como o azeite: a parte má que deixaram ficar no Novo Banco vem sempre ao de cima. É essa parte má que é um fardo que Novo Banco carrega”, continuou o governante, nas declarações aos deputados.

A resolução do BES, determinada pelo Banco de Portugal ocorreu a 3 de agosto de 2014, quando estava em funções o Executivo PSD e CDS, liderado por Pedro Passos Coelho. Foi vendido três anos depois, em outubro de 2017, à Lone Star, com o Fundo de Resolução, que é financiado pela banca, a manter 25% do capital e a assegurar que pode vir a ter de colocar até 3,89 mil milhões de euros para cobrir ativos tóxicos. Aqui, já sob o Governo socialista.

Na semana passada, a instituição financeira liderada por António Ramalho apresentou prejuízos de 1.413 milhões de euros no exercício de 2018, o que levou à chamada de 1.149 milhões de euros ao Fundo de Resolução.

“Como o azeite, vem sempre ao de cima”, repetiu Centeno, dizendo que “as perdas não são geradas pela venda nem pela forma como a venda foi feita”. “Existem porque ficaram em ativos dentro do banco que disseram que era bom, mas ainda não era”.

As duas afirmações colocam em confronto as duas perspetivas do PSD e PS sobre o Novo Banco: o ataque dos sociais democratas ao momento da venda, e as acusações socialistas ao período da resolução.

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