Economia

EDP alia-se à E.On na eólica offshore

Consórcio da EDP disputa este mês terceiro grande projeto em França

EDP alia-se à E.On na eólica offshore

Miguel Prado

Editor de Economia

A EDP Renováveis e a francesa Engie firmaram uma aliança de última hora com a alemã E.On para concorrer ao leilão do parque eólico offshore de Dunquerque, em França, naquele que poderá ser o terceiro grande projeto de eólica marinha do grupo EDP no mercado francês. A entrega de propostas no leilão está prevista para 15 de março.

A EDP Renováveis e a Engie já estavam juntas há dois anos a trabalhar numa proposta para Dunquerque, mas esta semana alargaram a parceria à E.On, tentando ganhar músculo numa corrida em que enfrentam uma forte concorrência. Entre os consórcios que também deverão participar no leilão estão elétricas como a Iberdrola, a Vattenfall e a EDF, mas também petrolíferas de renome, como a Total e a Shell (esta última é parceira da EDP num projeto eólico offshore de larga escala nos Estados Unidos da América).

Dunquerque será a oportunidade de a EDP conquistar um terceiro parque offshore em França, onde ainda este ano começará a construir dois empreendimentos com 496 megawatts (MW) cada, um ao largo de Nantes e outro na costa da Normandia, ambos com arranque de produção previsto para 2021.

A E.On conta com quase duas décadas de experiência na energia eólica offshore (com oito parques marinhos em operação), o que poderá ser um dos principais trunfos do consórcio.

A entrada da E.On permite ainda à EDP Renováveis aliviar o esforço de investimento em Dunquerque, mas nenhuma das partes do consórcio revelou a sua participação nem a dimensão do projeto (há dois anos, EDP e Engie admitiam que poderia chegar a 750 MW). O consórcio concorrente Moulins de Flandre (que inclui a Shell) propõe instalar até 600 MW, produzir anualmente energia equivalente ao consumo de 1 milhão de pessoas e investir mais de €1,5 mil milhões.

As eólicas offshore, bem como a energia solar, têm sido uma das áreas de eleição da EDP para contornar os limites de crescimento e rentabilidade da convencional e madura eólica terrestre. Além de França, o grupo tem um projeto de 950 MW ao largo da Escócia, com arranque de produção previsto para 2022. Mais recentemente, a EDP Renováveis conquistou, com a Shell, o direito de construção até 1600 MW ao largo de Massachusetts.

Luz verde em França

Entretanto, a EDP e a Engie acabam de receber na região da Normandia as licenças que lhes permitirão avançar com a construção da infraestrutura de apoio ao parque eólico offshore de Dieppe-Le Tréport, incluindo a subestação elétrica, as fundações e os cabos.

Este parque de 496 MW e o outro empreendimento de dimensão similar a instalar ao largo de Nantes (cada um deles terá 62 torres no mar, com aerogeradores de 8 MW) deverão criar 3 mil empregos diretos e indiretos, muitos dos quais nas fábricas da Siemens Gamesa, em Le Havre.

Os leilões eólicos offshore têm levado os diversos atores do sector a uma política de alianças. A EDP já se juntou, em diferentes projetos, à francesa Engie, à alemã E.On (que em 2011 até concorreu à privatização da elétrica portuguesa), à anglo-holandesa Shell e à japonesa Mitsubishi, além da China Three Gorges. Mas poderá esta estratégia diminuir a capacidade da EDP de se afirmar autonomamente como referência no mercado da eólica offshore?

A EDP Renováveis contesta essa leitura, declarando ao Expresso que estes são “projetos de longo prazo, que requerem uma capacidade financeira robusta, assim como parceiros de referência, com conhecimento técnico desta tecnologia geradora de energia limpa em alto mar”. Estas parcerias, defende a elétrica, “reforçam o posicionamento da empresa, que já é um dos principais players nesta área a nível mundial” e que tem em construção, ao largo da Escócia, o parque eólico offshore com “o preço da energia mais baixo de sempre na Europa”.

A EDP Renováveis fechou 2018 com um lucro de €313 milhões, mais 14% do que no ano anterior. O ganho foi sobretudo financeiro, já que as receitas da venda de eletricidade baixaram 7%, para €1,7 mil milhões.

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