Economia

OCDE defende maior tributação do gasóleo

OCDE defende maior tributação do gasóleo
ANDY RAIN

Organização reconhece progressos feitos por Portugal na incorporação de renováveis no consumo de energia, mas considera que o país deve penalizar mais as fontes de poluição

OCDE defende maior tributação do gasóleo

Miguel Prado

Editor de Economia

A OCDE reconhece que Portugal tem feito progressos em termos ambientais e na redução da intensidade energética da sua economia, mas considera que o país deve taxar mais o gasóleo, de forma a diminuir o consumo deste combustível e a reduzir as emissões poluentes.

A organização realça que o sector dos transportes é responsável por 42% do consumo de energia final em Portugal, acima da média da União Europeia, e por um terço das emissões de dióxido de carbono. "Tanto o consumo de energia como as emissões no sector dos transportes baixaram desde o pico de 2005, mas a uma taxa muito mais baixa do que as reduções do consumo global de energia e das emissões de CO2", observa a OCDE no Economic Survey sobre Portugal hoje divulgado.

A mesma entidade admite que o Governo português tem promovido um conjunto de iniciativas para incentivar uma maior eficiência energética na mobilidade, mas, diz a OCDE, "são necessárias mais medidas para promover um maior uso do transporte público e a sua eficiência".

Na sua análise, a OCDE sublinha ainda que o gasóleo tem atualmente uma tributação 40% mais baixa que a da gasolina. E uma das suas recomendações é a da maior taxação do gasóleo. A OCDE também defende maior tributação do carvão e do gás natural, o que o Governo português já pôs em prática desde o ano passado, com o fim da isenção de ISP para a eletricidade produzida a partir daqueles dois combustíveis.

O documento agora divulgado nota ainda que Portugal mantém um preço relativamente baixo para as emissões de CO2, pelo que há que reforçar o custo associado à poluição (nomeadamente com a já referida maior taxação do gasóleo, carvão e gás natural).

No seu relatório, no capítulo sobre "crescimento verde", a OCDE constata que a exposição a emissões de partículas em Portugal é inferior à média da OCDE, mas lembra que ainda há 3500 portugueses que morrem prematuramente todos os anos devido à poluição do ambiente.

No sector elétrico a OCDE regista positivamente o contributo das fontes renováveis, referindo que Portugal está no bom caminho para cumprir a meta de 31% de renováveis no consumo final de energia em 2020. Todavia, a forma como esse crescimento das energias limpas tem sido alcançado suscita preocupação.

A OCDE lembra que a expansão das renováveis em Portugal beneficiou de tarifas garantidas de venda à rede, que acabaram por contribuir para aumentar a dívida tarifária. Embora essa dívida tenha recuado nos últimos anos, a OCDE recomenda que o Governo português assegure mecanismos de mercado eficientes (de forma a evitar custos adicionais para os consumidores de eletricidade).

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