A DefinedCrowd, startup portuguesa especializada em modelos de comunicação e interação homem-máquina, sedeada em Seattle, acaba de garantir a entrada no ranking anual da CB Insights que destaca as 100 melhores e mais promissoras empresas mundiais que estão a revolucionar o 'mercado' da inteligência artificial (IA). A startup, fundada por Daniela Braga em 2015, foi selecionada entre um painel de mais de três mil startups mundiais analisadas pela consultora e destaca-se na área de training data (treino de dados).
A startup portuguesa é especializada em treino de dados para IA. Recolhe, estrutura e enriquece conjuntos de dados (data sets) que são utilizados em inteligência artificial, combinando técnicas de machine learning (aprendizagem automática) e human-in-the-loop (modelo que requere interação humana). Por outras palavras, combina o conhecimento humano com algoritmos de inteligência artificial para viabilizar o desenvolvimento linguístico de robôs. Ou como Daniela Braga gosta de simplificar, “para por robôs a falar”.
No radar dos gigantes da tecnologia
Criada em 2015, a DefinedCrowd conquistou desde muito cedo grandes clientes internacionais. A startup tem escritórios em Portugal (Lisboa e Porto), nos Estados Unidos e, desde abril, em Tóquio. No seu portfolio de clientes integra companhias dos reputados rankings Fortune 500 e Fortune 50, como a Mastercard, BMW, Nuance ou Yahoo Japan, nos mercados americano, asiático e europeu. E percebe-se porquê: a interação homem máquina, através da voz, é cada vez mais comum. Mas para que possamos conversar com assistentes pessoais como a Siri (apple) ou a Alexa (Amazon), são necessários milhões de dados estruturados, de alta qualidade, e modelos de machine learning. Esse é o trabalho de Daniela Braga e da equipa da DefinedCrowd que disponibiliza dados em 46 línguas, suportada por uma comunidade própria de mais de 45 mil membros qualificados espalhados por todo o mundo (Neevo by DefinedCrowd).
A empresa entrou cedo no radar dos investidores e nos últimos quatro anos foi conquistando investimentos junto de business angels e de investidores institucionais e empresariais como a Portugal Ventures, a Sony e a Amazon, através do Alexa Fund. No ano passado levantou 11,8 milhões de dólares (cerca de 10,1 milhões de euros), numa ronda de financiamento de série A, orientada para o desenvolvimento e crescimento do negócio, liderada pelo fundo americano Evolution Equity Partners que apresenta a Kibo Ventures, a Mastercard e a EDP Ventures como novos investidores. Um montante que Daniela Braga canalizou para o desenvolvimento da oferta da empresa, expansão da sua quota de mercado a nível global e reforço da equipa, “maioritariamente em Portugal”, garantiu na altura a CEO.
Portugal como âncora da expansão
Segundo Daniela Braga, apesar de estar sedeada em Seattle (Estados Unidos), a estratégia de expansão da DefinedCrowd tem em Portugal a sua âncora. “Portugal continua no nosso radar para fazer o maior investimento em pessoas”, revelava Daniela Braga, numa entrevista ao Expresso na altura da captação do último financiamento, garantindo que a empresa iria reforçar a contratação de profissionais altamente qualificados na área das engenharias, ciência de dados, mas também design, vendas e marketing para os dois centros de desenvolvimento que detém em Portugal, em Lisboa e no Porto.
O futuro da empresa é ambicioso. O objetivo de Daniela Braga é tornar-se a empresa número um de dados para Inteligência Artificial do mundo. Para isso está determinada em expandir não só a lista de clientes de topo da empresa, mas também em aumentar as parcerias com líderes da indústria que estão na vanguarda da evolução da Inteligência Artificial.
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