"Tenho muitas dúvidas sobre a nova abordagem que duvida da validade do sistema internacional e que pretende olhar para si própria em primeiro lugar", afirmou esta quarta-feira Angela Merkel na sua intervenção no Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça.
A chanceler não podia ser mais clara na crítica a esta 'nova abordagem' e citou em sua ajuda o economista e sociólogo alemão Max Weber. "O compromisso tem má reputação hoje em dia", mas, recorrendo a Weber, a chanceler sublinhou que "o compromisso é o resultado de ações responsáveis dos políticos".
O compromisso tem sido a base do sistema mundial que temos desde há 75 anos, referiu a chanceler, para quem o entendimento multilateral continua a ser a base da política internacional.
O principal destinatário da crítica da chanceler não está presente, este ano, em Davos.
Com o cancelamento da vinda de Trump e de uma delegação norte-americana este ano ao Fórum Económico Mundial, e com as ausências de Macron, May e Putin, o palco das potências ficou entregue a Merkel, Abe e Wang Qishan, vice-presidente da República Popular da China, que falará a seguir à chanceler alemã.
Japão congratula-se com tratados do Pacífico e com a Europa
Antes da chanceler, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe tinha alinhado pelo mesmo diapasão, salientando dois sucessos recentes da diplomacia nipónica no espírito multilateral - a entrada em vigor no final de dezembro do novo Acordo de Parceria Transpacífica (conhecido pela sigla TPP 11), que reúne 11 economias do Pacífico, e do qual se auto-excluiu os EUA, e o Tratado do Japão com a União Europeia que entra em vigor a 1 de fevereiro.
Abe, que é o responsável pela organização dos eventos do G20 este ano, adiantou que há dois objetivos japoneses para a cimeira deste ano em Osaka. O primeiro é uma iniciativa mundial no âmbito dos dados (que ele designou como Osaka Track) em prol da quarta revolução industrial e da sociedade 5.0. O segundo prende-se com o impulso a "inovações disruptivas face à mudança climática". Merkel endossou o Osaka Track na sua intervenção em Davos.
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