A transportadora 'low cost' Easyjet está em vias de deixar de ser britânica, e a finalizar o processo de transferência da operação para a Áustria. Apesar do Brexit e do cenário de endurecimento sobre as companhias aéreas em caso de saída sem acordo, a Easyjet prevê mais um ano forte em 2019, antecipando crescimentos de 10% para todo o ano.
"A Easyjet está bem preparada para o Brexit", garante a companhia em comunicado, adiantando ter já 130 aviões registados na Áustria, e que fez "bons progressos" em acautelar as condições de Bruxelas e na transferência das licenças da tripulação para este país, um processo que ficará finalizado a 29 de março.
Segundo frisa a transportadora, a Easyjet já tem cerca de 49% do capital fora do Reino Unido, e "no objetivo de manter a propriedade e o controle da companhia na Área Económica Europeia (EEA), como é requerido na regulação da UE, a Easyjet tem várias opções, incluíndo o uso de provisões contidas nos seus Artigos de Associação que permitem suspender direitos para atender à vontade dos acionistas, ou forçar a venda de ações detidas por nacionais não-qualificados, bem como outras potenciais iniciativas".
Falências da Monarch e Air Berlin renderam €34 milhões
Nas contas da Easyjet, o primeiro trimestre (entre setembro e dezembro, de acordo com o seu calendário contabilístico) foi marcado por um crescimento de 15,1% no número de passageiros transportados, que atingiu 21,6 milhões, cerca de 3 milhões mais que no período homólogo do ano anterior.
O crescimento de receitas da Easyjet no mesmo trimestre que marca o arranque do ano foi de 13,7%, para cerca de €1,5 milhões (1,296 milhões de libras), e apesar do Brexit as perspetivas de crescimento em receitas e em passageiros continuam fortes em 2019. O maior salto nos resultados da Easyjet veio das receitas extraordinárias face à venda de bilhetes, como cobrança de bagagem ou vendas a bordo do avião, ('ancillary revenues'), que cresceu 20% para €307,5 milhões (271 milhões de libras). A receita gerada com a venda de bilhetes cresceu a um ritmo menos acentuado, de 12,2%.
A receita por passageiro teve um decréscimo de 4,2% ao câmbio atual da libra, e segundo a companhia "em linha com as expetativas. As contas impactam "benefícios experienciados em 2018, e que não se repetem", como as receitas de €34 milhões (30 milhões de libras) arrecadadas no primeiro trimestre pela Easyjet ao assumir muitas das rotas deixadas em aberto pelas falências da Monarch e da Air Berlin - o que também atingiu Portugal, em particular o Algarve.
"Para a primeira metade de 2019 o número de reservas continua a ser encorajador, apesar de todas as incertezas em torno do Brexit", avança Johan Lundgren, CEO da Easyjet, em comunicado divulgado pela empresa, avançando ainda que "as reservas para o segundo semestre deste ano continuam acima dos números do ano passado, e as nossas previsões anuais de receita antes de impostos estão em linha com as atuais expectativas de mercado".
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