O ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn declarou-se inocente esta terça-feira na sua primeira audiência em tribunal desde que foi preso no Japão a 19 de novembro. O empresário é acusado de ter transferido cerca de 15 milhões de euros de prejuízos dos seus investimentos privados para a Nissan em 2008, quando eclodiu a crise financeira global.
Numa declaração preparada, Ghosn afirmou ter sido “injustamente detido com base em acusações infundadas e sem mérito”. Negando quaisquer irregularidades, o empresário de 64 anos garantiu que nunca recebeu compensações da Nissan que não tenham sido reportadas e disse ter dedicado duas décadas da sua vida a “reanimar” a empresa. “Agi sempre com integridade e nunca fui acusado de qualquer irregularidade na minha carreira profissional de várias décadas”, acrescentou.
Os seus advogados pediram uma explicação para a detenção prolongada de Ghosn. Um juiz do Tribunal Distrital de Tóquio justificou a detenção com o risco de fuga e de adulteração de provas.
Ghosn pode ser condenado a 10 anos de prisão
O empresário foi acusado de “atos significativos de conduta imprópria”, incluindo a declaração da sua remuneração abaixo do valor real e o uso pessoal de ativos da empresa. A sua equipa legal defende que as acusações são inválidas porque não se relacionam com o seu salário mas com pagamentos futuros que o empresário iria receber na reforma.
Se for considerado culpado, Ghosn enfrenta até 10 anos de prisão, além de uma multa de cerca de 5,6 milhões de euros.
A prisão do empresário abalou a indústria automóvel internacional e colocou sob tensão a aliança que Ghosn construiu entre a Nissan, a Renault e a Mitsubishi Motors. Desde então, foi despedido da presidência da Nissan e da Mitsubishi, enquanto a Renault nomeou uma gestão interina, mantendo o empresário na folha de pagamentos.
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