Família Osório de Castro regressa à construção
Com a aquisição da Hexagen, promotora Investoc diversifica negócios
Com a aquisição da Hexagen, promotora Investoc diversifica negócios
Jornalista
designação não engana. A Hexagen é uma nova construtora que remete para a defunta Hagen, absorvida pelo conglomerado Elevo. Fundada em 2016 por Gonçalo Horta e Miguel Proença, ex-quadros da Hagen, a Hexagen transferiu-se este ano para o universo Investoc, um family office da família Osório de Castro que investe na promoção imobiliária e hoteleira. A família fora dona da Hagen durante 18 anos, até 2007. Rui Osório de Castro dirigira a construtora até em falecer (2006) e ficou com o nome ligado a uma fundação destinada a “apoiar e proteger crianças com doenças oncológicas”.
Onze anos depois, a família está de regresso ao negócio da engenharia, num sinal de que o tecido se regenera e há um novo dinamismo na indústria. “ É uma construtora de nicho, de carácter urbano e muito focada na reabilitação”, resume Filipe, o filho de Rui Osório de Castro que dirige os negócios da família. É uma construtora “ágil, de grande grande competência” que ambiciona uma “dimensão racional, adequada à estrutura”. A diversificação do portefólio reduz o risco e torna o grupo “mais robusto sólido”.
A operação surge “porque detetámos uma lacuna no segmento de reabilitação e concluímos ser o momento certo para investir no sector”, acrescenta Filipe, que acumula a direção do fundo familiar com a vice-presidência do Sporting.
A Hexagen não terá acesso preferencial às obras lançadas pela Investoc, mas beneficia das sinergias de grupo e permite controlar o preço das empreitadas. Mas “o seu ambiente é o mercado em geral das obras para as quais está vocacionada”.
A construtora esteve focada até agora em pequenas obras na região do Porto e ganha um novo fôlego, atacando também o mercado da capital. Em 2019, a Hexagen conta faturar €10 milhões, antecipando um crescimento de 50% para 2020. Gonçalo Horta dirige a empresa e permanece acionista com 10%. Miguel Proença abandonou o projeto. O diretor de produção é Jorge Sanches, outro engenheiro com passagem pela Hagen.
A Investoc tem deixado a sua marca em vários projetos imobiliários, o último dos quais foi o condomínio Casas da Fábrica, com 32 apartamentos e quatro moradias nas Antas, no Porto. Em Lisboa, gere ativos de rendimento como um edifício de escritórios e um espaço industrial com um núcleo de escritórios perto do Tagus Parque.
Mas nesta fase as atenções estão concentrados na promoção hoteleira, através da marca Inspira. O grupo adquiriu este ano dois edifícios em Lisboa, na Madragoa (Santos) e em Alfama, que serão recuperados para acolher dois novos hotéis, num investimento global de €32,5 milhões. A operação da Madragoa (€14 milhões) está mais avançada e deverá estar concluída em 2020. É um boutique-hotel com 65 quartos “que combinará os atributos da marca com um conceito mais trendy, evidenciando uma forte aposta nas modernas tecnologias”. O projeto de Alfama seguirá o mesmo espírito mas está ainda por licenciar.
Em 2021, a família terá assim a exploração de três hotéis na capital. A estreia verificou-se em 2010 com o Inspira Santa Marta Hotel, junto à Avenida da Liberdade, um hotel de quatro estrelas, com 89 quartos e uma gama alargada de serviços. Resultou da reabilitação de um conjunto de edifícios que ocupavam um quarteirão na rua de Santa Marta. O sucesso do investimento levou a Investoc e repetir a fórmula, deixando no limbo a promoção imobiliária. “Continuamos a escrutinar o mercado na busca de oportunidades, mas a verdade é que nas zonas mais interessantes os preços estão demasiado puxados”, diz Filipe Osório de Castro.
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