Economia

Turbulência na Renault. Carlos Ghosn detido por fuga ao fisco

Turbulência na Renault. Carlos Ghosn detido por fuga ao fisco
ETIENNE LAURENT/EPA

Ações da Renault perdem 12%. Nissan confirma que Carlos Ghosn está sob investigação por fuga ao fisco

Carlos Ghosn, presidente do grupo Renault/Nissan, está a ser interrogado pelas autoridades japonesas por suspeita de fraude fiscal. A Nissan confirma a detenção que tinha sido avançada esta segunda-feira pela imprensa de Tóquio.

As ações do grupo estão em queda livre esta segunda-feira, registando uma perda de 12%.

De acordo com um comunicado da Nissan, Carlos Ghosn "está sob investigação" por esconder o seu salário real e violar a lei fiscal do país. Durante "vários anos" Ghosn e um outro diretor manipularam a contabilidade, escondendo os valores dos seus salários reais.

A Nissan acusa o gestor de "má conduta" e de ter utilizado em benefício pessoal "dinheiro da empresa". Ghosn e o outro diretor serão afastados dos seus cargos.

A empresa acrescenta que "forneceu todas as informações" ao Ministério Público japonês.

O gestor deixou funções executivas na Nissan em março, permanecendo como presidente da administração.

Ghosn promete colaborar

A imprensa japonesa falava este segunda-feira da iminência da detenção de Ghosn por fraude fiscal. Um dos jornais de Tóquio referia que o gestor já tinha sido detido.

As autoridades japonesas realizaram buscas na sede da Nissan e noutros locais relacionados com o fabricante de automóveis, de acordo com a imprensa local.

Ghosn é suspeito de ter desviado parte da sua remuneração para contas bancárias da empresa e já manifestou total disponibilidade para colaborar com as autoridades tributárias. Os inspetores do Fisco acusam o gestor de falsear a contabilidade do grupo e de fuga ao Fisco.

O empresário franco-brasileiro de origem libanesa Carlos Ghosn, 64 anos, chegou ao grupo Renault na década de 90 e tornou-se um dos gestores mais carismáticos e respeitados do mundo pelo sucesso da reestruturação radical da Renault.

O grupo saiu da esfera do Estado francês e tornou-se próspero e lucrativo. Carlos Ghosn ficou, então conhecido como "Le Cost Killer", tal a sua fúria no ataque aos custos. No início dos anos 2000 repetiu a dose na Nissan, salvando o construtor nipónico.

Ghosn é um dos executivos mais bem pagos do sector automóvel. Em 2017, recebeu mais de 15 milhões de euros: arrecadou da Nissan 1098 milhões de ienes (8,5 milhões de euros), a que se somam 7 milhões de euros como presidente da Renault.

Esta segunda-feira, as ações da Renault abriram o dia a cair 5%, mas a meio da sessão a queda cifrava-se em 12,2%.

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