Economia

Os investigadores que ajudam a transmitir boas energias

Os vencedores da edição 2018: foram cinco os estudantes distinguidos na 24ª edição dos Prémios REN, entregues esta semana numa cerimónia em que esteve presente o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior,
Manuel Heitor, que salientou: “Portugal tem o recorde mundial de número de dias com eletricidade fornecida por energias renováveis.” Das 36 teses de mestrado a concurso resultaram três prémios e duas menções honrosas. Gabriel Maciel, do Instituto Superior Técnico, foi o grande vencedor. Pedro Beires, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), foi o segundo premiado. A fechar o pódio esteve Fábio Brito, da mesma universidade. Esta instituição da Invicta
foi ainda representada, nas menções honrosas, por João Espírito Santo. A segunda menção honrosa foi para João Anjo,
do Instituto Superior Técnico. Os prémios foram entregues por Manuel Heitor, Rodrigo Costa, chairman e CEO da REN, Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, e João Peças Lopes, presidente do júri e professor catedrático da FEUP
Os vencedores da edição 2018: foram cinco os estudantes distinguidos na 24ª edição dos Prémios REN, entregues esta semana numa cerimónia em que esteve presente o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, que salientou: “Portugal tem o recorde mundial de número de dias com eletricidade fornecida por energias renováveis.” Das 36 teses de mestrado a concurso resultaram três prémios e duas menções honrosas. Gabriel Maciel, do Instituto Superior Técnico, foi o grande vencedor. Pedro Beires, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), foi o segundo premiado. A fechar o pódio esteve Fábio Brito, da mesma universidade. Esta instituição da Invicta foi ainda representada, nas menções honrosas, por João Espírito Santo. A segunda menção honrosa foi para João Anjo, do Instituto Superior Técnico. Os prémios foram entregues por Manuel Heitor, Rodrigo Costa, chairman e CEO da REN, Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, e João Peças Lopes, presidente do júri e professor catedrático da FEUP
NUNO FOX

Distinguidos: a cumprir 23 anos de existência, a mais recente edição do Prémio REN aposta em projetos que promovam as renováveis

Os investigadores que ajudam a transmitir boas energias

Tiago Oliveira

Jornalista

Dar mais condições à energia para florescer de forma sustentável e eficiente poderia perfeitamente ser o mote do Prémio REN, até porque se enquadra nos objetivos das três teses que ocuparam os três primeiros lugares da distinção a que o Expresso se associa e que foram dados a conhecer na quinta-feira passada. O que não foi tarefa fácil, uma vez que “a grande qualidade dos trabalhos dificultou a escolha”, confessou João Peças Lopes.

O presidente do júri e diretor associado do INESC TEC, da Universidade do Porto, defende que o “prémio tem uma grande importância pois permite reconhecer a qualidade de trabalhos de grande valor técnico e científico nos domínios referidos e constitui uma forma de incentivar e promover o desenvolvimento de mais e melhores teses”. Desta feita, o primeiro lugar do pódio coube a Gabriel Maciel com uma tese intitulada “Desenvolvimento e Projeto Mecânico de uma Fundação para uma Turbina Eólica Offshore.” O projeto consiste num novo conceito de fundação para águas de transição de capacidade flutuante durante o transporte e com sistema de fixação por âncoras de sucção. A estrutura é transportada na posição flutuante até ao local de instalação auxiliada por barcos rebocadores em que estes apresentam um custo diário de utilização bem menor e facilitam o processo de logística.

O trabalho já resultou numa patente que “agora se encontra em processo de aprovação”, conta o investigador do Instituto Superior Técnico, que revela que o seu objetivo inicial foi apostar num projeto que aliasse a engenharia às energias renováveis, dois domínios que sempre estiveram no seu horizonte. Agora, fala de um prémio que “coloca nos ombros de quem o recebe a obrigação de, no futuro, continuar a corresponder às expectativas que foram criadas com a sua atribuição”. Não esconde “a ambição de ampliar a experiência profissional a nível internacional”.

Já o segundo classificado, Pedro Beires, acredita que a sua tese (“O papel das centrais hídricas reversíveis face ao aumento dos volumes de integração de produção e produção de origem renovável em sistemas elétricos isolados”) permitirá que “a energia renovável tenha um peso cada vez maior nos nossos arquipélagos, servindo também de inspiração para outros sistemas um pouco por todo o mundo”. O projeto do investigador da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), tem como base a ilha de São Miguel, nos Açores, e baseia-se na incorporação de uma central hidroelétrica com funcionamento reversível que irá permitir uma gestão alternativa de quantidades muito relevantes de energia. A energia eólica excedente poderá ser canalizada para a bombagem, armazenando grandes quantidades de energia que em períodos posteriores, de maior consumo, pode ser devolvida à rede.

Novas ideias
O prémio é uma “enorme motivação para continuar a trabalhar nesta área durante a carreira”, sobretudo por ser uma “referência inconfundível no plano da engenharia em Portugal.” Após ter já trabalhado em vários projetos “com as nossas ilhas” olha com expectativa para “novas e mais exigentes ideias” que certamente “irão surgir no futuro”, num país que já é “referência mundial na área da energia.” Domínio para que o Prémio REN tem procurado contribuir, ao longo dos 23 anos de história que começaram em 1995. “Trata-se de reconhecer o mérito e premiar a capacidade de utilização do método científico e a componente inovadora e criativa dos trabalhos feitos por jovens mestrandos à saída das suas escolas”, atira João Peças Lopes.

“As energias renováveis são de uma das minhas paixões”, começa logo por dizer o terceiro classificado, Fábio Brito, que desenvolveu uma tese que se chama “Simulação de Estratégias de Operação Agregada de Sistemas de Armazenamento Distribuídos em Parques Eólicos e Centrais Fotovoltaicas.” E o objetivo? Estudar as vantagens de realizar ofertas em mercado de uma forma agregada com armazenamento, recorrendo a vários parques eólicos e centrais fotovoltaicas, face à realização das mesmas ofertas, mas de uma forma individual, a partir do caso concreto de duas centrais fotovoltaicas situadas na Roménia.

O investigador da FEUP revela que decidiu enveredar por esta área “não apenas por paixão mas também pelo valor que tem.” Com as mudanças que o sector energético vai conhecer nos próximos anos, “o desenvolvimento de novas ideias e soluções trata-se de algo muito importante” e, por isso, pede “um forte contributo governamental” para que Portugal possa dar o próximo passo. Formado em engenharia eletrotécnica, quer obter ainda um grau na área de economia e ambiciona deixar “marca no sector elétrico, um dia”.

Algo de que João Peças Lopes não tem dúvidas em relação a qualquer um dos três premiados: “São jovens brilhantes com uma grande capacidade de desenvolver trabalho.”

O prémio e o sector

36
teses de licenciatura foram propostas como candidatas ao Prémio REN 2018. A partir de 2019, a distinção vai passar a aceitar também propostas de teses de doutoramento

45%
da energia consumida em Portugal em outubro foram de fontes renováveis. Se contarmos o total acumulado entre janeiro e outubro, a produção limpa abasteceu 52% do total do consumo de energia

57.500
euros foram distribuídos como parte das distinções desta edição do Prémio REN. €25 mil para o primeiro lugar, €15 mil para o segundo, €10 mil para o terceiro e €2500 para cada uma das três menções honrosas

30%
é quanto representa o sector da indústria no consumo final de energia em Portugal, com forte dependência de recursos energéticos não renováveis

Textos originalmente publicados no Expresso de 10 de novembro de 2018

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