Economia

Artur Santos Silva qualifica como “absurda” pressão do BCE sobre negócio angolano do BPI

Artur Santos Silva qualifica como “absurda” pressão do BCE sobre negócio angolano do BPI
Luis Barra

O presidente honorário do BPI critica em entrevista ao “Jornal de Negócios” a decisão do Banco Central Europeu de ter forçado o banco português a ficar com menos de 50% do angolano BFA, agora controlado por Isabel dos Santos

O banqueiro Artur Santos Silva, presidente honorário do BPI, criticou duramente a atuação do Banco Central Europeu (BCE) em relação à participação que o BPI tem em Angola e à sua parceria com a empresária Isabel dos Santos. “Nunca acreditei que esse problema acabasse mal. O que nunca previ foi uma pressão tão absurda como aquela que o BCE fez para que o BPI deixasse de ter o controlo no Banco de Fomento Angola (BFA)”, afirmou Santos Silva em entrevista ao “Jornal de Negócios”.

Santos Silva lamenta que o BCE tenha imposto uma redução da participação do BPI no BFA para menos de 50% e impedido que o banco português tivesse administradores executivos no banco angolano.

“Temos apenas dois administradores não executivos. Isso foi um absurdo, que obrigou também a outro tipo de arranjos que não eram necessários. Teve um impacto muito negativo no banco e também nos interesses de Portugal”, comentou Artur Santos Silva na mesma entrevista.

“O relacionamento com os PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa] é muito importante para a posição estratégica de Portugal no mundo. E um banco, que é o melhor de Angola, que é o que tem melhores resultados e os riscos mais baixos, é um ativo importantíssimo para financiar quer empresas portuguesas que estão em Angola, quer empresas de Angola que venham para Portugal, quer as relações com os portugueses”, disse ainda o banqueiro.

“Se for às antigas colónias francesas e às antigas colónias britânicas vê que os principais bancos são franceses ou ingleses. No nosso caso, isso foi deitado fora”, apontou Santos Silva.

Questionado sobre se Isabel dos Santos está a perder poder com as mudanças políticas em Angola, Santos Silva respondeu com cautela. “A coisa mais positiva que vi recentemente, em relação a Angola, foi ter recorrido à consultoria do FMI para a gestão financeira”, declarou.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate