As várias crises que têm abalado a reputação da rede social têm levado o Facebook a adotar medidas no combate às notícias falsas ('fake news'). A multinacional fundada por Mark Zuckerberg anunciou esta quinta-feira a expansão do seu programa de verificação de factos ('fact-checking') a 14 países. Entre as novas parcerias, estão países como o Brasil, México, Argentina e Colômbia. A estes, juntar-se-ão outros até ao final do ano.
No início deste mês, o diretor de Parcerias de Media para a região Europa, Médio Oriente e África (EMEA), Nick Wrenn, tinha avançado ao Expresso que a tecnológica já tinha sete parcerias com organizações independentes - em países como os Estados Unidos, Alemanha, França, Holanda, Itália, Irlanda ou Filipinas - e que estava a preparar a expansão deste serviço.
Desde há um ano e meio que a rede social está a trabalhar com organizações independentes de fact-checking em vários países. São equipas de jornalistas, no seio de órgãos de comunicação social como a Associated Press ou a Agence France-Presse, que dedicam 100% do seu tempo a confirmar as notícias partilhadas na rede social. Atualmente são mais de duas dezenas de organizações independentes que trabalham com o Facebook.
“Estas entidades independentes e certificadas avaliam a exatidão das histórias publicadas no Facebook, ajudando a rede social a reduzir a propagação de histórias consideradas falsas em cerca de 80%”, sublinha a empresa em comunicado.
Além da expansão do programa, a multinacional está realizar testes de 'fact-check' de fotografia e vídeo, alargando-o a quatro países. Os conteúdos manipulados (como vídeos editados que mostram algo que não aconteceu) ou retirados do contexto (por exemplo, uma fotografia de uma tragédia anterior associada a outro conflito que ocorreu numa data diferente) são dois exemplos de conteúdos analisados.
Algoritmos contra as notícias falsas
Devido ao elevado número de conteúdos publicados diariamente na rede social (mais de um milhar de milhão de peças de conteúdo, segundo a empresa), a rede social está também a apostar no machine learning para identificar histórias copiadas sem atribuição de créditos e a utilizar uma ferramenta aberta, o 'Claim Review'. Esta já é usada por outras tecnológicas e organizações de verificação de dados.
Ao identificarem páginas ou domínios que partilham notícias falsas, os 'fact-checkers' ajudam o Facebook a definir uma hierarquia para os contéudos. Ou seja, sempre que publicações sejam sinalizadas como desinformação, o algoritmo da rede social reduz a sua importância na hierarquia dos conteúdos disponibilizados na news feed de cada utilizador — este terá de descer muito mais no seu mural (ou seja, fazer scroll down) para a encontrar. E associada a ela estará uma notícia relacionada com informação correta.
Desta forma, estas páginas ou domínios têm maior dificuldade propagar as suas mensagens e em monetizá-las.
Além disso, a empresa quer promover investigação académica sobre o papel das redes sociais nas eleições e na democracia. Como tal, vai nas próximas semanas “liderar um pedido de propostas para medir o volume e efeitos da desinformação no Facebook”. Depois, vai selecionar um conjunto de académicos, que receberão financiamento e acesso a dados privados e protegidos para as suas pesquisas.
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