Turismo: Como o Algarve está a contornar a falência da Monarch e Air Berlin
Lugares estão a ser assumidos por companhias como EasyJet, Ryanair, British Airways ou Niki, de Niki Lauda
Lugares estão a ser assumidos por companhias como EasyJet, Ryanair, British Airways ou Niki, de Niki Lauda
Jornalista
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Os céus estão turbulentos na aviação, apesar da tendência positiva no turismo. A falência de três transportadoras de uma assentada no final do ano passado — a inglesa Monarch, a alemã Air Berlin e a austríaca Niki, que parou de voar em dezembro — gerou um pânico generalizado junto dos operadores turísticos, coincidindo na altura em que estavam a dar gás à programação de 2018. Mas o problema começa a ser resolvido.
A Madeira e o Algarve são os destinos portugueses mais afetados, e o buraco de centenas de milhares de lugares originado pelas recentes falências aéreas tem estado a ser suprido à última hora por outras companhias aéreas, que vão assumindo os slots (horários de voos já autorizados nos aeroportos) que eram das transportadoras insolventes e ficaram em aberto — e o pânico inicial dos operadores está a dar lugar a algum alívio, apesar de o trabalho para esta compensação de rotas ainda estar ao rubro.
No caso da britânica Monarch, que tinha uma operação montada para Lisboa, Faro e Funchal, muitos dos voos que ficaram em aberto têm estado a ser tomados pela British Airways e também pela EasyJet, a TUI Fly ou a Jet2. E, do lado do mercado alemão, muitos dos slots da Air Berlin têm sido assumidos pela Eurowings, do grupo Lufthansa, e pela EasyJet (que em outubro do ano passado anunciou a aquisição de 24 aviões da falida Air Berlin), sendo esta operação complexa, envolvendo muitos operadores. Aguardada com expectativa, tanto no Algarve como na Madeira, é a ressuscitada Niki, que promete voltar à operação a 15 de março, com o regresso do seu fundador, o ex-piloto Niki Lauda, em parceria com a Thomas Cook .
“O cancelamento de operações com esta dimensão gera sempre muita preocupação num destino como a Madeira. Mas o que inicialmente se pensava que podia trazer grandes decréscimos acaba por ficar minimizado com o facto de aparecer uma garantia de operação por outros agentes”, adianta o hoteleiro António Trindade, presidente do grupo Porto Bay.
“Estas falências, num mercado nervoso como a Madeira, muito preso à operação turística, têm um impacto muito forte e levam algum tempo a substituir”, reitera Duarte Correia, hoteleiro e administrador em Portugal do grupo World2Meet, ligado à Iberostar, frisando que o processo de compensação de rotas não está fechado. “Graças a Deus houve companhias a apanhar os slots da Monarch. Não é tão grave quanto se perspetivava de início, mas continua a ser preocupante.”
Pelas contas dos operadores, só na Madeira o buraco deixado pelas companhias que faliram ascende a 200 mil lugares para este ano. E qual o total de lugares afetados nos destinos portugueses, incluindo o Algarve? O Expresso tentou apurar esta informação junto da ANA, a concessionária dos aeroportos nacionais, que se recusou a avançar quaisquer dados, também relativamente à compensação de rotas por parte de outras companhias, alegando tratar-se de “uma empresa privada, sem obrigação de prestar informações”.
A falência das transportadoras gerou pressão no Algarve, continuando a região a fazer esforços para compensar o vazio das rotas que ficaram em aberto. “Não está tudo suprido na totalidade, existe muito trabalho a fazer e continuamos a batalhar nesse objetivo”, garante Dora Coelho, diretora executiva da Associação de Turismo do Algarve (ATA), frisando tratar-se de um trabalho conjunto com a ANA e o Turismo de Portugal.
No Algarve, segundo a diretora da ATA, muitos dos voos da Monarch estão a ser tomados sobretudo pela British Airways, a EasyJet, a Ryanair e a Jet2. E o voo semanal da Niki de Viena para Faro já foi assumido pela Eurowings, que assim duplica esta rota no Algarve.
A EasyJet anunciou cinco novos voos semanais de Berlim para Faro, que resultam de slots deixados pela Monarch, e além disso também vai reforçar a operação para o Algarve com dois voos por semana para Milão e três voos semanais para Bordéus a partir de abril e numa operação de ano inteiro. Assumindo slots com a falência da Monarch, também a Ryanair vai este ano reforçar as ligações de Faro para Manchester, operando três novos voos semanais de junho a outubro. E, do lado alemão, muitos dos voos da Air Berlin estão a ser assumidos pela Eurowings, a TUI Flights, a Germania e até a nova Niki.
“Isto está a acontecer, há uma série de companhias a chegar-se à frente e a absorver uma série de rotas que ficaram em aberto com as falências”, refere Dora Coelho. “Acredito que vai ser tudo absorvido no Algarve, e à partida não será tão mau como se previa, mas continua a ser um trabalho diário, tem de se ir com cautela e sem grandes euforias.”
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