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Apesar de pequeno, o mercado dos outlets em Portugal está a atravessar uma dinâmica que já não era vista no sector há vários anos. Trata-se de espaços que, por definição, ligam os produtores/fabricantes diretamente ao público, o que permite a venda de produtos a preços mais baixos.

O Freeport de Alcochete prepara-se para a reinauguração do seu espaço na próxima terça-feira. O Strada Outlet, em Odivelas, está também a ser intervencionado, numa obra que irá terminar no primeiro trimestre de 2018. E já no próximo dia 23 abre portas o novo Designer Outlet Algarve, integrado no complexo do Grupo Ikea Centres, em Loulé.

No grupo de seis outlets inclui-se ainda o Vila do Conde Style Outlet — comprado em dezembro do ano passado pela VIA Outlets, a mesma empresa que é proprietária do Freeport —, o Algarve Outlet (ex-Ria Shopping) e o Campera, o primeiro outlet a abrir portas em Portugal, há 17 anos.

Em Alcochete aceleram-se os últimos pormenores para que tudo esteja pronto no próximo dia 21. Lisboa, cidade que agora está na moda, serviu de inspiração a esta renovação, bem patente na nova Praça do Elétrico, que tem como ponto central a réplica do célebre elétrico 28 da Carris e uma recriação de um jardim lisboeta. A zona norte do complexo “é aquela onde mais se sente a intervenção que foi feita e que passou pela reformulação das fachadas das lojas, inspiradas no comércio de rua de Lisboa, com recurso a materiais de tradição nacional, como os azulejos e a calçada portuguesa”, explica Nuno Oliveira, diretor-geral do Freeport e que acumula também a gestão do Vila do Conde Style Outlet.

Foi uma aposta de €20 milhões não só para renovar os diversos espaços do complexo — onde se incluem ainda a nova Praça dos Sabores e a renovada Praça Central — mas também para a criação de mais 35 lojas, aumentando o seu número total para 130.

Uma dinâmica bem diferente da que existia há escassos quatro anos, quando o Freeport foi vendido pelos americanos da Carlyle aos britânicos da Hammerson, através da sua participada VIA Outlets, atualmente o segundo maior operador de outlets da Europa, com um total de 11 espaços na sua carteira. “O cenário não era tão positivo como é hoje, em que temos crescimentos no volume de vendas na ordem dos 20%”, reforça ainda Nuno Oliveira.

Mercado a crescer

Otimismo também não falta no Grupo Mundicenter, proprietário, entre outros, dos centros comerciais Amoreiras e Oeiras Parque e ainda do Strada Outlet, reconvertido a partir de um shopping pouco rentável — o Odivelas Parque. “Um processo que ocorreu em finais de 2012 e que resultou, a olhar para os números, num acréscimo de mais 35 milhões de visitantes”, diz Paulo Pereira, diretor do Strada.

Com 140 lojas e uma taxa de ocupação de 98%, o complexo, que é o maior de todos os outlets em Portugal, pondera uma expansão ainda envolta em alguma confidencialidade mas que pode passar pela criação de mais um piso. Paulo Pereira prefere não comentar, realçando antes a intervenção em curso. “É um investimento de quatro milhões e que contempla o projeto de remodelação do nosso food-court [zona de restauração], uma varanda exterior e uma nova praça central, muito arrojada e com a assinatura de Joana Astolfi”, especifica o responsável do Strada, complexo que tem como uma das suas maiores âncoras a Loja do Cidadão.

A obra arrancou em agosto deste ano e tem prevista a sua conclusão para o primeiro trimestre de 2018.

Em contagem decrescente está o Designer Outlet Algarve, em Loulé, o primeiro na Europa que tem integrada uma loja Ikea, um centro comercial e uma área de lazer ao ar livre. Resultante de uma joint venture entre a Ikea Centres e o Grupo Mutschler, o novo outlet algarvio, gerido pelos austríacos da ROS Retail Outlet Shopping, vai ser inaugurado na próxima quinta-feira.

“Teremos nesta primeira fase mais de 50 marcas presentes no Designer Outlet Algarve. A primeira fase tem 13.000 m2 e a segunda fase terá mais 4000 m2, num total de 17.000 m2. O número de lojas planeado é de 110 no total, no entanto irá sempre depender da necessidade dos operadores em requererem mais do que uma loja para executarem os seus projetos”, adiantou Miguel Guerreiro, diretor-geral do Designer Outlet Algarve, realçando que vão ser criados 450 postos de trabalho.

Para Marta Esteves Costa, responsável pelo departamento de pesquisa e consultoria da Cushman & Wakefield, consultora que acompanha os mercados de retalho, o segmento dos outlets “tem espaço para algum crescimento, mas não muito significativo, dada a dimensão do país”. Mesmo assim, e em acumulado, estes seis outlets absorvem cerca de 160.000 m2 de zona comercial.