Economia

Os supermercados são os campeões do franchising

O Meu Super, 
da Sonae, é a insígnia com mais lojas e lidera o crescimento
O Meu Super, 
da Sonae, é a insígnia com mais lojas e lidera o crescimento
FOTO antónio bernardo

No pódio do sector, os três primeiros lugares são para marcas do retalho alimentar

Quando a Sonae lançou a rede de supermercados de proximidade Meu Super, em 2011, manifestou desde logo confiança no potencial de expansão da marca através de franquias e, chegou, até, a antecipar a possibilidade de inaugurar uma loja por semana. Cinco anos depois, o grupo consegue ver a sua insígnia no topo do ranking nacional do sector, com 260 unidades franquiadas em 2016, mais três do que o Minipreço e mais 27 do que o Intermarché, mostra o 22º Censo do Franchising, que coloca as três redes de supermercados no pódio nacional.

No total de lojas, o Minipreço, que combina o modelo de franquias com lojas próprias, fica a ganhar (618 unidades), mas o Meu Super, dimensionado para uma área de vendas de 100 a 400 m2, foi a marca que mais cresceu em franquias, em 2016. Saltou das 200 para um recorde nacional de 260 lojas, subindo três lugares face ao censo anterior, e apresentou vendas de €113 milhões, mais 40% do que em 2015.

No próximo ranking, esta hegemonia do retalho alimentar não deverá ser alterada, mas terá concorrência forte do imobiliário. O grupo liderado por Paulo Azevedo, já inaugurou entretanto mais franquias (tem atualmente 280) e, até ao final do ano, prevê atingir as 300 lojas Meu Super. Mas, no seu encalço, tem a Remax, que ficou no quinto lugar na lista relativa a 2016 (com 234 unidades franquiadas) e já soma 27 inaugurações desde então, prevendo fechar o exercício de 2017 com 280 lojas.

“É verdade que os supermercados dominam, mas há outras tendências a agitar o sector, da restauração às óticas, ao imobiliário, ginásios ou lavandarias”, comenta Carlos Santos, gestor do IFE — International Faculty for Executives (grupo que comprou o Instituto de Informação em Franchising e passou a assumir a responsabilidade do censo anual do sector, em colaboração com o ISCTE — Instituto Universitário de Lisboa).

Domínio nacional

Esta é, claramente, “uma conjuntura de expansão” do negócio do franchising, a recuperar da queda sentida no volume de negócios e nas marcas franquiadas na viragem da década, sob pressão da quebra do consumo e das dificuldades de financiamento. Em 2016, o sector gerou um volume de negócios de €5,167 mil milhões, mais 5,4% do que no ano anterior. Comparativamente a 2013, é um crescimento de 20%, acompanhado pela multiplicação do número de insígnias em modelo de franquia: em 2013 eram 500, em 2016 atingiram as 574, tendo sido, neste último ano, lançados 36 novos conceitos.

Alguns, estarão presentes na próxima edição do Porto Franchise, a 21 de setembro, procurando expandir redes e encontrar oportunidades de negócio. Entre eles, há recém-chegados ao sector como a Pizzaria Luzzo (alimentação), a Emobike (bicicletas elétricas) ou a Fitness Factory (ginásios).

Diversidade é a palavra de ordem no franchising, que contribui com 2,8% para o produto interno bruto nacional, responde por 117.450 postos de trabalho e promete continuar a crescer, com novas insígnias internacionais a olharem cada vez mais para o mercado português: é o caso das espanholas Fast Fuel, rede de combustíveis de baixo custo, e Ibérica Nordik Walking, um conceito de atividade física assente na marcha com bastões. Contudo, o domínio continua a ser nacional: 70% das marcas de franchising a operar em Portugal são de origem lusa. Destas, algumas já se internacionalizaram e, no total, chegam a 33 países.

Por sectores, o domínio nas redes a operar no país é o dos serviços (57%), enquanto o comércio vale 29,4% e a restauração 13,2%. Mas este último censo mostra que a restauração está a ser um dos motores do negócio neste ciclo de recuperação.

Um sinal claro dos novos tempos é o facto de o escalão de investimento que mais cresceu no ano passado ter sido o dos €50 mil a €100 mil, que viu o seu peso aumentar de 12,6%, em 2015, para os 17,7%, em 2016. No entanto, 47% dos negócios continuam a implicar, apenas, um investimento inicial até €25 mil.

O Porto é quem mais ordena

Quando olham para o mapa de Portugal a pensar na expansão do negócio de franchising, a preferência das marcas vai para o distrito do Porto e para a zona Norte. A análise territorial realizada para o 22º Censo do Franchising, referente a 2016, mostra que a procura cobre todo o país, mas a prioridade está no Porto (6,7%). Seguem-se Lisboa (6,4%), Braga (5,7%), Setúbal (5%), Vila Real (4,9%) e Santarém (4,8%). Para quem acompanha o sector, esta constatação não traz surpresas. “O Porto sempre foi fortemente industrializado, muito dinâmico economicamente, e está a beneficiar de um aumento exponencial do turismo”, diz Carlos Santos, do grupo IFE — International Faculty for Executives, responsável pelo estudo anual. Os registos relativos ao negócio mostram, também, que muitos dos grupos a operar no sector têm sede no Porto e mais de metade das marcas de franchising criadas em Portugal nasceram no Porto e na região Norte.

A DINÂMICA DO NEGÓCIO

574

são as marcas de franchising a operar em Portugal. Em 2016, surgiram no país 36 novos conceitos

2,5%

do emprego em Portugal é quanto valem os 117.450 postos de trabalho do franchising. Em 2016 o emprego no sector cresceu 1,6%

57%

é o peso dos serviços nas redes de franchising a operar em Portugal. O comércio vale 29,4% do total, mas a restauração, com uma quota de 13,2%, é o segmento que está a crescer mais nos últimos anos

2,8%

é o contributo para o PIB nacional do volume de negócios de €5,167 mil milhões gerados pelo sector do franchising, em 2016

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mmcardoso@expresso.impresa.pt

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