Cursos nas àreas de tecnologias e saúde são os que têm mais saída

Estatísticas do Ministério da Ciência identificam cursos com mais saídas
Estatísticas do Ministério da Ciência identificam cursos com mais saídas
Carla Castro
Um curso na área das Tecnologias de Informação (TI) ou da Saúde dá mais garantias de emprego, melhor salário e oportunidades de carreira do que outras especializações. Já é uma tradição dos últimos anos, que se repete ao olharmos para os dados estatísticos divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior em infocursos.mec.pt, onde pode consultar a empregabilidade de todos os cursos ministrados em Portugal.
A confirmação destes números vem do lado do mercado de trabalho pela voz dos head hunters, cuja função é ‘caçar’ os melhores profissionais para satisfazer as necessidades dos empregadores. “Os diplomados funcionam como uma commodity. Nas tecnologias e na saúde, como a procura é superior à oferta, o preço dispara e a tendência vai manter-se a médio prazo”, confirma Lourenço Cumbre, senior manager da Michael Page Portugal.
“É verdade. Temos praticamente pleno emprego nas áreas informáticas”, diz Sandrine Veríssimo, diretora regional em Lisboa da Hays, apesar de não aparecerem muitas licenciaturas no top dos cursos com desemprego zero. Medicina encabeça a lista dos diplomas com maior empregabilidade, com zero desempregados. Nos mais de 20 cursos com desemprego zero ou abaixo dos 0,5%, segundo os recém-diplomados que estavam inscritos nos centros de emprego do IEFP em 2016, estão os sete mestrados integrados de Medicina que existem em Portugal nas Universidades de Lisboa, Nova, dois da Universidade do Porto, Minho, Coimbra e Beira Interior.
Mas as oportunidades na área da saúde vão muito além de Medicina e Enfermagem, esta última também com empregabilidade elevada (medida de acordo com este critério, já que há muitos enfermeiros emigrados): outras profissões ligadas a esta área estão em ascensão, como farmacêuticos, fisioterapeutas, entre outros, aponta Sandrine Veríssimo, acrescentando que “são cursos com elevadas saídas profissionais, tanto na vertente mais técnica como na de gestão”.
“É um sector que vai dar que falar a curto e médio prazo. A aposta na saúde vai ter retorno nos próximos 30 anos. Hoje é cada vez mais o hospital que vai ter com o cliente. Está tudo à mão no seu smartphone”, defende Lourenço Cumbre.
Quanto ao potencial das TI, continua a valer a certeza de que o emprego não vai faltar. “Estamos a viver a adaptabilidade das pessoas e das empresas às plataformas. O digital e o e-Commerce estão a apoderar-se de todos os negócios”, sublinha o responsável da Michael Page. A diretora da Hays sublinha ainda o impacto enorme que o digital está a ter “nas TI e no marketing”.
Em termos salariais, a diferença é muito grande nas TI, em que um recém-diplomado consegue iniciar a carreira a ganhar €1500 brutos, o que dificilmente acontece noutras áreas, até mesmo na Saúde. Neste caso, depende muito do empregador, diz Sandrine Veríssimo. No outro extremo, estão cursos como Arquitetura e licenciaturas na área das Ciências Sociais, que continuam no fim da lista, ou seja, são dos que têm mais diplomados inscritos nos centros de emprego. Também aqui a tendência já se mantém há uns anos.
No entanto, Lourenço Cumbre defende que “a Arquitetura pode ter alguma ascensão com o retorno do investimento na construção”. No que diz respeito às Ciências Sociais, o que acontece é que “os recém-diplomados nestas áreas têm de se reinventar e adaptar às necessidades do mercado e à proliferação de informação”, diz Lourenço Cumbre. “As ciências menos exatas têm de ter uma grande amizade com as novas tecnologias.”
Por exemplo, nos cursos de Comunicação, se o jornalismo tradicional está em queda, há cada vez mais necessidade de quem saiba comunicar nas novas plataformas e no mundo das redes sociais.
Os dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior mostram também que os cursos das universidades têm mais saídas que os dos politécnicos e que os diplomados das instituições de Ensino Superior do litoral têm mais saídas profissionais que os do interior. Vê-se isso pelos centros de serviços partilhados de várias multinacionais que se estão a instalar no litoral, perto das instituições de Ensino Superior.
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