É a "rutura total entre os operadores do porto de Lisboa e os trabalhadores da estiva", comenta ao Expresso o responsável da Associação dos Agentes de Navegação de Portugal. Em causa está o processo de despedimento coletivo solicitado esta segunda-feira pela Associação dos Operadores do Porto de Lisboa –alegando que "a respetiva tramitação legal é fácil de fundamentar" porque o porto de Lisboa "está completamente parado", referiu publicamente o presidente da Associação dos Operadores do Porto de Lisboa (AOPL), Morais Rocha.
A decisão sobre o despedimento coletivo "por redução da atividade" foi tomada pelos operadores depois do Sindicato dos Estivadores ter recusado, na sexta-feira, a nova proposta para um novo contrato coletivo de trabalho.
"A crispação sobe de tom e nota-se um óbvio desgaste total da relação entre operadores e estivadores do porto de Lisboa", comenta Belmar da Costa a título pessoal, manifestando fortes "dúvidas sobre o futuro do Porto de Lisboa, porque uma solução deste tipo revela a incapacidade de ambas as partes de poderem entender-se e isso é mau para o porto de Lisboa e é mau para Portugal".
"Com a degradação da atividade do porto de Lisboa, pela importância que tem no sistema portuário nacional, é o produto interno bruto (PIB) português que sofre e isso não é bom para ninguém", adianta
Do lado da AOPL, Morais Rocha reconhece que todas as tentativas de entendimento "chegaram ao limite". Da parte do Governo, a ministra do Mar Ana Paula Vitorino fez diversas tentativas para promover o debate e o encontro de posições, com vista a realização de um novo contrato coletivo de trabalho.
Contactado pelo Expresso, o Sindicato dos Estivadores diz que não pode comentar esta informação porque "não está ninguém da direção".
Como diz Belmar da Costa, neste processo – que se arrasta há mais de quatro anos – tudo foi levado ao extremo, e "quem perde é o país". Do lado dos operadores, a Liscont, o terminal de Santa Apolónia (a Sotagus), o Terminal Multiusos do Beato e o Multiterminal, que integram a AOPL, chegaram manifestamente ao limite da capacidade de negociação.
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