Economia

Salgado responsabiliza governador do BdP pelos prejuízos do Novo Banco

Salgado responsabiliza governador do BdP pelos prejuízos do Novo Banco
Luís Barra

Ricardo Salgado reage aos prejuízos apresentados pelo Novo Banco (€980,6 milhões) e atira culpas ao governador Carlos Costa pela resolução do BES em agosto de 2014. “Os clientes tinham mais confiança no BES do que têm no Novo Banco”

Salgado responsabiliza governador do BdP pelos prejuízos do Novo Banco

Isabel Vicente

Jornalista

O ex-presidente do antigo Banco Espírito Santo, Ricardo Salgado, está atento a tudo o que acontece ao banco que substituiu o BES em agosto de 2014. Esta quinta-feira, em comunicado, a defesa de Ricardo Salgado vem dizer que " é tempo de o senhor Governador do Banco de Portugal assumir a responsabilidade pelos seus atos". Com isto pretende contestar a resolução aplicada ao antigo BES e a mais recente transferência para o BES mau de obrigações sénior "em parte já comercializadas pelo Novo Banco, assim pondo em causa a confiança no Novo Banco junto de investidores institucionais de grande relevância a nível internacional".

No comunicado, a defesa de Ricardo Salgado afirma que "mais de um ano e meio depois da resolução, o Novo Banco tem menos 24% de depósitos e concedeu menos 33% de crédito do que o BES em 30 de junho de 2014, o que demonstra que os clientes tinham mais confiança no BES do que têm no Novo Banco".

Em reação ao elevado nível de provisionamento do Novo Banco em 2015 (mais de €1000 milhões), "em 30.06.2014, antes da resolução, o BES constituiu provisões, sem contar com as associadas aos ‘eventos tóxicos ou extraordinários’, superiores em quase 20% às provisões que o Novo Banco registou no final de 2014". Refere ainda que "as provisões apresentadas pelo BES em 30.06.2014 foram aprovadas por uma administração da qual o Dr. Ricardo Salgado já não fazia parte, foram impostas pelo Banco de Portugal e certificadas pela KPMG".

No comunicado de duas páginas pode ainda ler-se que Ricardo Salgado, "como afirmou desde o primeiro momento, não fugirá às suas responsabilidades pela gestão do banco que reconhecidamente liderou o apoio às empresas e ao Estado português". Mas que "como é evidente, passado mais de um ano e meio da resolução não pode ser responsabilizado pela gestão do Novo Banco e muito menos pelas consequências da decisão de resolução, que sempre denunciou como um erro".

Ricardo Salgado foi constituído arguido em vários processos de contraordenação do Banco de Portugal e também em processos de natureza criminal relacionados com o universo Espírito Santo. Nestes estão em causa suspeitas de crimes de burla qualificada, abuso de confiança, fraude fiscal, corrupção e branqueamento de capitais.

Quarta-feira, na apresentação de resultados do Novo Banco (prejuízos de €980,6 milhões), Eduardo Stock da Cunha disse que os resultados negativos foram fortemente influenciados pela má herança do BES. "Fomos o banco com o maior nível de provisões e imparidades , 1058 milhões de euros, dos quais 592 milhões herdados do ex-BES", disse o presidente do Novo Banco.

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