“Atenção, eles estão a chegar!”, avisa com excitação mal disfarçada na voz uma das dezenas de colaboradoras destacadas para o megaevento. Nem o frio que se faz sentir no piso -2 da Gare do Oriente, decorado a preceito para o momento solene, faz com que alguém mostre sinais de querer arredar pé. Tudo o que é assessor, dirigente público, autarca da região, secretário de Estado ou ministro com remota ligação ao dossiê faz questão de marcar presença na cerimónia que vai assinalar a criação de um passe único de transportes para os 18 concelhos da Área Metropolitana de Lisboa (AML). Todos querem assistir, da primeira fila (ou tão perto quanto o estatuto de cada o permita), ao lançamento da “bomba eleitoral” que o Governo reservou para a véspera das europeias e legislativas.
Passam 17 minutos das 10h30, hora marcada para o início da cerimónia, quando António Costa e a longa comitiva que lidera surgem em cena. O atraso de quase 20 minutos podia ser um mau prenúncio para a primeira pedra daquilo a que Fernando Medina chamaria minutos mais tarde uma “revolução nos transportes coletivos”. Mas ninguém parece deter-se nesse pormenor. O dia é de festa. E, no entretanto, já os assessores deram vazão às dezenas de capinhas amarelas que traziam para explicar o que está em causa. No interior dessas mesmas capinhas, umas quantas páginas A4 com as linhas gerais do novo sistema de passes e um slogan que é todo um programa. “A partir de abril, o seu passe custa menos. Custa mais acreditar do que comprar. Passe a palavra.”
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