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O estrondo de Isabel dos Santos. Por Pedro Santos Guerreiro

Ou Nicolau Maquiavel ressuscitou como dramaturgo em Angola ou estamos a assistir ao momento histórico em que o regime de poder absoluto da família de José Eduardo dos Santos chega ao fim. Uma família que secou poder e sacou negócios, liderando uma oligarquia de que os políticos portugueses tiveram medo e que muitos empresários portugueses apoiaram - e aproveitaram. Isabel dos Santos foi exonerada esta quarta-feira da Sonangol pelo novo presidente do país, João Lourenço, que afastou ainda outros dois filhos de José Eduardo dos Santos da televisão pública de Angola

Rui Duarte Silva

Só o medo de uns, a cobiça de outros e a ignorância de muitos permitiu que nos últimos anos Isabel dos Santos passasse a ser tratada como “empresária” em vez de “filha de José Eduardo dos Santos”. Os seus negócios proliferaram sem se saber a origem do dinheiro, o que é uma forma de dizer que todos sabiam de onde vinha o dinheiro: de operações em Angola capturadas pelo nepotismo de uma família de poder e que através do poder se distribuiu pelos postos de influência, de dinheiro e relacionamento com o Estado. A exoneração de Isabel dos Santos da Sonangol é um despejo de um palácio do poder. É um momento histórico.

O novo presidente, João Lourenço, foi apresentado pelo presidente cessante como sucessor, recebendo do seu povo e da comunidade internacional o benefício da dúvida, para não dizer que recebeu apenas a dúvida. Não teria muito tempo para se marcar ou para se demarcar. Ao afastar os membros do clã dos Santos dos lugares-chave que ocupavam na hierarquia angolana, ou é um grande encenador (o benefício da dúvida não cai à primeira, será necessário saber se é irreversível e se deu contrapartidas) ou assume-se como um regenerador.

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