Alberto Martins: o político que nasceu no dia em que não lhe deram a palavra

Aos 72 anos, o deputado socialista deixou o Parlamento. Já conquistou o estatuto de “histórico” do PS e garante que vai continuar “civicamente empenhado” na política
Aos 72 anos, o deputado socialista deixou o Parlamento. Já conquistou o estatuto de “histórico” do PS e garante que vai continuar “civicamente empenhado” na política
Editora de Política da SIC
Gosta de citar pensadores franceses, lê jornais em papel, não tem conta no Twitter nem no Facebook. Os seus discursos seguem uma linha retórica que há muito caiu em desuso, com amplo recurso a metáforas e onde palavras como “democracia” e “liberdade”, “socialismo” e “progresso” são usadas com convicção, e onde o verbo fácil, demagógico e destemperado, que tantas vezes domina a oratória parlamentar, não tem lugar. É um político “à antiga”, no que a expressão tem de virtuosa para muitos e de falha para outros.
Talvez por ter consciência plena disso mesmo, ou simplesmente porque entendeu chegada a hora de dar prioridade a outros projetos pessoais, Alberto de Sousa Martins, nascido em Guimarães a 25 de abril (caprichos que o destino tece) de 1945, licenciado em Direito em Coimbra, pôs ontem um ponto final numa carreira política de quase 50 anos. O que, explicou, não é desistir da política: “Continuo civicamente empenhado na vida política, porque a política é a nossa vida”, garantiu ontem na intervenção com que se despediu do Parlamento, onde era “residente”, com curta interrupção entre 1999 e 2002, desde 1987 (há precisamente 30 anos). Não resistiu a deixar uma espécie de apelo aos que vão agora continuar sem ele, lembrando que “a âncora do progresso da Humanidade está nos grandes valores do respeito pela dignidade humana, no sentimento de fraternidade, no combate à pobreza e à exclusão, no respeito pelo trabalho, na defesa da aspiração ética da política e no equilíbrio ecológico” — uma mensagem que também já tinha vincado na sua última intervenção em plenário, na última sessão solene comemorativa do 25 de abril.
Para continuar a ler o artigo, clique AQUI
(acesso gratuito: basta usar o código que está na capa da revista E do Expresso. pode usar a app do Expresso - iOS e android - para fotografar o código e o acesso será logo concedido)
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: CFigueiredo@sic.impresa.pt