
Dimitris Papaioannou desenha o início e o fim do mundo em “Ink”. No Teatro Rivoli, no Porto, de 30 de novembro a 2 de dezembro
Dimitris Papaioannou desenha o início e o fim do mundo em “Ink”. No Teatro Rivoli, no Porto, de 30 de novembro a 2 de dezembro
Claudia Galhós
No início havia a água. Diz-nos o mito grego que da união de dois deuses irmãos, Oceano e Tétis, nasceram os rios e seus afluentes. A mitologia grega, a sua expressão visual, artística e filosófica está de volta aos palcos portugueses com mais uma criação do coreógrafo-estrela grego Dimitris Papaioannou. Em “Ink” prossegue a construção de um universo de forte impacto imagético mas a uma escala mais intimista, que inclui a novidade de marcar o regresso do coreógrafo à interpretação, num dueto entre o próprio e o bailarino e performer alemão Šuka Horn.
A água é o elemento constante, que está sempre presente em “Ink”. É uma determinante componente cénica, que produz imagens impressionantes; é também uma fonte sonora da peça; e carrega uma carga simbólica que pode ser associada ao nascimento e à morte, por exemplo a morte do planeta, sendo o palco um lugar mergulhado na escuridão que permanece inundado a maior parte do espetáculo. Além de alguns outros objetos cénicos — taça de vidro redonda, um gira-discos ou uma mesa —, há um outro ser vivo que entra em jogo, um polvo, criatura das águas, que vai tapar os genitais masculinos daquele novo ser que até então permanece nu.
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